domingo, 24 de maio de 2015

GRALHA - O Herói de um Mundo Pós-Moderno!

Pós-modernidade: a época das incertezas. O estado atual da arte onde tendências, estilos e gêneros mesclam-se à mídia, efemeridade, complexidade e significados infinitos que podem não levar a lugar algum. A perda de referenciais, a resignificação destes referenciais ou a negação da existência do referencial. Pós-moderno é o mundo exatamente do modo como não o conseguimos explicar.

Criado de uma experiência de brainstorm saído da mente de nove diferentes autores (escritores e artistas—ver box), o Gralha nasceu como materialização de elementos da cultura curitibana. A ave símbolo da cidade dá-lhe nome e suas aventuras se passam num futuro não muito distante. Prédios cada vez mais altos onde os espaços reduzidos impulsionam a vida vegetal para o topo destes arranha-céus.

Gustavo Gomes, devidamente aliterado, descobre um uniforme e duas orbes (as gemas do poder) que lhe conferem poderes sobre-humanos. O personagem teria sido criado em homenagem a um personagem obscuro dos anos 40 chamado Capitão Gralha, um factóide criado para dar um molho especial ao seu background.

A revista especial Metal Pesado de 1997 homenageava os 15 anos da Gibiteca de Curitiba estampando o Gralha em sua capa e trazendo uma matéria sobre Francisco Iwerten, suposto criador do Capitão Gralha. Anos depois com o boca-a-boca elevando o fictício autor à categoria de Mestre do Quadrinho Nacional, os autores vieram a publico explicar que Iwerten e o Capitão Gralha eram de fato um artifício criativo que acabou se tornando lenda urbana.


Hoje virou moda reunir vários artistas para desenvolver diferentes concepções visuais (ou versões) à partir de um personagem para homenageá-lo. Entretanto o Gralha já nasceu deste modo, pioneiro, materializado em diferentes traços com múltiplas interpretações de seu histórico e ambiente. Suas tiras foram publicadas por dois anos no jornal A Gazeta do Povo e compiladas no belo álbum O GRALHA em 2001. Enquanto a fama do personagem se espalhava e ele ganhava versões em filmes curta-metragens dirigidos por Tako X, um de seus criadores, a possibilidade de um retorno aos quadrinhos tomava forma.

O lançamento do álbum O GRALHA: Tão banal quanto original ocorreu durante a Gibicon de 2014 junto com exposições, palestras e o lançamento de uma estátua de luxo do personagem em padrões de qualidade dignos das principais empresas de colecionáveis do mundo. Lançada em edição limitada a estatueta do Gralha vem numa embalagem especial com material exclusivo incluindo uma HQ inédita do personagem.

O livro Tão banal quanto original chega pela Editora Quadrinhópole, retomando o personagem com características multifacetadas, vários artistas, vários traços, adicionados desta vez a uma trama que costura sub-repticiamente todas as HQs. A sensação é de se estar vendo uma temporada completa de uma série de TV dessas modernas com revira-voltas e revelações. Não há necessidade de informações prévias sobre o personagem para apreciar o exemplar que tem ares de auto-contido, mas encerra com um sabor de “quero mais”.



E esse quero mais pode vir dos outros projetos relacionados ao personagem, como o álbum do Capitão Gralha (Editora Quadrinhópole) ou o Artbook do Gralha, um livro ricamente ilustrado contando em imagens e textos a evolução do personagens desde seu surgimento e hqs nunca antes publicadas. Por ser um material de alto nível sua produção está sendo levada a cabo num projeto financiado via crowdfunding. Abaixo você pode ver o vídeo e saber como se tornar um apoiador do projeto.




O Gralha, mantendo suas raízes culturais e sua ligação íntima com Curitiba, é um desses maravilhosos personagens que consegue ser regional e ao mesmo tempo universal. Um dos mais importantes heróis dos quadrinhos brasileiros, leitura obrigatória para apreciadores dos heróis uniformizados e uma leitura divertida para neófilos.
Para apoiar O GRALHA-ARTBOOK no catarse clique aqui.

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O Laboratório Espacial agradece a Alessandro Dutra, Antonio Eder, Augusto Freitas, Edson Kohatsu, Gian Danton, José Aguiar, Luciano Lagares, Nilson Muller e Tako X sem os quais essa matéria seria impossível.