sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Octávio Cariello através dos PORTAIS !


Existem quadrinhos para crianças... este não é este o caso de PORTAIS. Explorando ação, relações humanas (ou extra-humanas) e conspirações num nível de complexidade direcionado a uma percepção mais madura, o álbum escrito por Octávio Cariello e ilustrado por Pietro Antognioni promove uma jornada de aventura e ficção, que vai além da aventura e além da ficção.

O Laboratório Espacial tão imerso em questões ligadas a ficção científica não poderia deixar de investigar um pouco mais sobre os PORTAIS e para isso conversamos com Otávio Cariello numa entrevista exclusiva cujo conteúdo revelamos agora:

JJ MARREIRO: Quando foi seu primeiro contato com o gênero ficção-científica?

OCTÁVIO CARIELLO: Muito tempo atrás, através dos contos de Ray Bradbury. Depois vieram Arthur Clarke, Isaac Asimov, Robert Heinlein, Ursula K Leguin. Os Quadrinhos de Clarence Gray e Alex Raymond (Brick Bradford e Flash Gordon) também eram parte de meus favoritos. Quando li Frank Herbert, me apaixonei pela ideia de mundos ficionais e aí descambei pra Edgar Rice Burroughs, Jules Verne e Michael Moorcock. Orwell me ensinou que com histórias aparentemente ingênuas pode-se discutir questões políticas e sociais sem ser chato. As revistas Kripta, Heavy Metal e 1984 completaram o cardápio, onde conheci os trabalhos de Caza, Moebius, Bilal, Alex Niño, Berni Wrightson e o mestre Alex Toth.



Existem autores que mesclam filosofia, política e outras temáticas à ficção-científica. Como você enxerga essa gama de potenciais dentro do gênero?

A questão de gênero é muito complicada de ser discutida hoje em dia; é bem mais ampla do que sua contraparte narrativa. Os estudos de cultura mais recentes, tendo como base o pós-colonialismo e as ideias de alteridade, tem apontado para o "in-between", um espaço de realidade em que se pode ser muitas coisas ao mesmo tempo, mesmo coisas contraditórias; acho que essa ideia de "entre-lugares" surge como a melhor tradução do nosso tempo. as questões narrativas, portanto, estão permeadas de uma multiplicidade de possibilidades que expandem seus limites de gênero. Mais do que nunca, podemos trabalhar temas bastante díspares em qualquer gênero mais tradicional.

Como surgiu a idéia de “Portais” e a parceria com o Pedro Antognioni?

Portais é um projeto muito velho que comecei a escrever décadas atrás. Tive tempo de lapidar alguns conceitos, expandir outros, cortar muitos. Pietro foi meu aluno e desde então temos desenvolvido uma parceria bacana. Ele está mudando algumas coisas do projeto original, como todo trabalho em dupla deveria acontecer; sua colaboração ao projeto não é apenas de dar cara ao texto que escrevi, mas de reinventá-lo. Portais é, sem dúvida, um trabalho de equipe em que o resultado tem sido bem mais consistente do que apenas o processo de um artista desenhando o roteiro de outro.



Você acha que o financiamento por crowdfunding colabora com o desenvolvimento de um pensamento editorial nos autores?

Com certeza. A participação maciça do público apoiando projetos pessoais tem demonstrado que existe uma lacuna impossível de ser preeenchida pelo esquema editorial vigente. Os autores veem-se ás voltas com questões práticas de gerenciamento do projeto e da divulgação de suas obras, uma participação direta em etapas antes exclusivamente efetuadas por não-artistas (edição, impressão e distribuição). Muita gente tem experienciado o que os fanzineiros tem feito há muito tempo. 

O título “Portais” é bastante sugestivo. Dá pra fazer uma explanação (sem muitas revelações obviamente) do conceito geral da história?
Num reino futuro, o tempo da retomada, profetizada por um livro em poder de felinos
antropomórficos, parece ter chegado. O príncipe cujo trono foi roubado está votlando e os esperados, cinco pessoas teleportadas de tempos e dimensões diferentes, do passado, chegaram. A guerra iminente vai acontecer sob a batuta de um homem preso num loop temporal. A questão mais séria na história é: se você pudesse, mudaria seu destino? Enquanto o leitor tenta julgar os participantes da aventura, ele é jogado numa realidade simultaneamente estranha e familiar, envolvendo-se numa trama que, se o projeto for bem sucedido, poderá se desdobrar em algumas outras histórias, alguns outros álbuns, algumas outras narrativas.

Octávio obrigadão pelo papo e pela paciencia :) Boa sorte e vamos torcer pro pessoal colaborar!  Ei! Que tal uma visita a Fortaleza?

Vc sempre generoso!...Ir pra fortaleza? Topo sempre! Arranjaí que eu vou, sim!

PORTAIS NO CATARSE




http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2014/08/beto-foguete-e-os-patrulheiros-do.html