Uma tira é uma História em Quadrinhos curtinha. Ela possui o formato predeterminado pelo suporte onde será publicada, por isso algumas revistas e jornais possuem tamanhos e proporções distintas. O padrão internacional entretanto é o de 9cm de altura por 29cm de comprimento.
Antes de
começar a sua tira você deve ter em mãos seus personagens, de preferência numa ficha modelo (onde é possível ver a
altura e poses típicas do personagem, bem como expressões faciais) e algumas ideias, temas ou motes para explorar. Se for
desenhar tipos genéricos (personagens quaisquer) não precisará de uma ficha
modelo, mas mesmo assim seria útil um guia de referências.
Uma tira
normalmente funciona bem com situações curtas e objetivas, assim como há uma
média de painéis que possibilitam uma boa leitura e ritmo. Poucos painéis
oferecem uma boa organização espacial e propõem clareza, uma quantidade muito
grande de painéis pode deixar a tira "pesada" ou sem boa
legibilidade. A grande maioria dos tiristas usa três painéis para explorar uma
história ou situação, mas eventualmente vc encontrará tiras bem executadas com
um, dois, três ou mais painéis.
TEMA
As tiras de
humor são sem dúvida as mais populares hoje em dia e um recurso útil é o de
fazer várias tiras explorando um mesmo assunto ou tema, investigando-o com bom
humor por diversos prismas. É claro que nessas horas um bloco de notas pode ajudar bastante pois, facilita a listagem das situações e ainda podem ser usadas depois quando estiver sem ideias.
Escolha um tema, imagine quantas situações podem surgir desse tema. Os personagens
podem conversar sobre isso de diversas maneiras e você pode explorar suas
visões de mundo ou mesmo adaptar piadas populares e com isso gerar uma boa
quantidade de tiras. Quando o assunto perde a graça para o autor é a hora de
parar e mudar de assunto ou tema. O curioso é que se o autor voltar ao mesmo
tema noutro dia, sua visão será outra e novas situações podem ser pensadas e
criadas, pois todo dia aprendemos algo novo e tudo isso amplia e refina nosso
repertório de ideias.
Os temas que podem dar origem a tiras são infinitos, mas aqui segue uma lista que pode ajudar em seus primeiros passos: Escola (professores e alunos); Trânsito; Briga de Casal; Jantar em Restaurante (garçom e cliente); Ponto de Ônibus; Família (Tios, avós, sogra, pais e filhos, namorado da filha); Animais de estimação; Pileque; Futebol; Atendimento Médico. Enfim, tudo pode virar tema para tiras, mas algumas das melhores situações surgem da observação do mundo real, o seu dia está repleto de pequenas situações que podem acabar gerando tiras muito boas.
Os temas que podem dar origem a tiras são infinitos, mas aqui segue uma lista que pode ajudar em seus primeiros passos: Escola (professores e alunos); Trânsito; Briga de Casal; Jantar em Restaurante (garçom e cliente); Ponto de Ônibus; Família (Tios, avós, sogra, pais e filhos, namorado da filha); Animais de estimação; Pileque; Futebol; Atendimento Médico. Enfim, tudo pode virar tema para tiras, mas algumas das melhores situações surgem da observação do mundo real, o seu dia está repleto de pequenas situações que podem acabar gerando tiras muito boas.
DECUPAGEM
Decupar, no
que diz respeito a arte sequencial, é recortar a narrativa em unidades visuais (painéis).
Ou seja, decupagem é escolher qual imagem você vai mostrar em cada momento da sua cadeia de imagens. Numa narrativa em quadrinhos é essencial que cada painel seja claro, objetivo e
que o leitor reconheça todos os elementos mostrados ali.
Uma tira
possui um assunto explorado em imagens e diálogos. Uma história bem humorada,
uma piada ou situação podem dar origem a uma tira, mas para fazer a tira
funcionar é necessário recortar os momentos chave, organizá-los e inserir um
ritmo de leitura.
Uma mesma
situação pode gerar uma infinidade de ritmos de leitura dependendo dos recortes
narrativos escolhidos pelo autor. Veja a seguir algumas maneiras de narrar visualmente um mesmo fato. (As cenas foram construídas usando principalmente fotos e modificações digitais a título de mostrar que não apenas o desenho pode constituir o elemento visual numa HQ).
Nesta primeira versão temos três quadros contando a história. No primeiro painel temos uma ambientação ou contextualização. No segundo o cerne da energia e do movimento e no terceiro a conclusão. Note que as onomatopéias somam informações importantes ao mesmo tempo em que ampliam o caráter emocional da cena. Repare que o ritmo possui um andamento mais tradicional já que foi utilizado o formato padrão de três quadros para a tira. Os quadros nesta tira mostram: expectativa, ação e conclusão. Uma narração visual bem direta. Sem floreios.
Observe que na segunda versão o ritmo é diferente e elementos diferentes foram usados para narrar o mesmo fato. Enquadramentos e quantidade de quadros influenciam na percepção da cena. E as onomatopéias continuam auxiliar a narrativa em termos de informação. O som do apito ao lado da imagem do juiz intensificam o significado e percepção da ação de apitar do mesmo modo que o ruído "SHOOT" amplia a força da imagem. Aqui há um gracejo com a palavra Shot, que em inglês significa TIRO ao mesmo tempo que em português possui pronuncia parecida com a palavra CHUTE. A Exemplo dos mangás (e dos cartuns) a deformidade na bola dá intensidade e velocidade ao movimento. Nesta segunda versão temos: expectativa , ação, ação e conclusão.
Nesta terceira versão os closes ampliam as informações emocionais, retratam exatamente a tensão do goleito e o foco (e concentração) do atacante. Novamente as linhas cinéticas dão o tom do movimento e ao final embora não vejamos a bola na rede temos a conclusão com a explosão emocional da torcida frenética gritando gol. Aqui a cena foi narrada em 5 painéis, cada um ampliando a quantidade de informações visuais e emocionais. O espaço da tira (9cm por 29cm) foi mantido e a qualidade da percepção visual permanece mesmo com o uso de cinco painéis para narrar a cena. E podemos dizer que a tira mostra: expectativa, expectativa, expectativa, ação e conclusão. O nível de tensão nesta versão é um pouco mais elevado que nas versões anteriores.
A quarta versão, logo abaixo, não possui apoio de onomatopeias. Apenas as imagens conduzem a cena.
O número de quadros da versão 04 é exatamente o mesmo da versão 03. A ausência de palavras ou efeitos sonoros pode afastar leitores que não tenham muita convivência com arte sequencial, por outro lado pode promover um nível de imersão mais profundo justamente por exigir que o leitor reflita sobre cada imagem antes de seguir para a próxima.
Vamos para mais uma versão.
Não sei quanto a você, mas eu praticamente consegui ouvir a voz do Galvão Bueno. Mas vamos lá: Diferente das versões anteriores, aqui temos o uso de recordatórios com o texto narrativo. Desta vez são seis painéis mantendo ainda uma boa visualização das imagens. A contextualização fica por conta da narração, assim como a descrição da ação do personagem, que não aparece, a não ser como uma sombra nos painéis 4 e 5. Esta narrativa provoca a criatividade e imaginação do leitor sem deixar dúvidas do que está acontecendo. As onomatopéias foram omitidas deixando o texto ainda mais precioso. É importante lembrar que as imagens mostradas no interior dos painéis são escolhas do artista. Artistas diferentes fariam escolhas diferentes, o que mede o resultado em termos de êxito é se o fato ficou compreensível.
A seguir
você tem exemplos de transformação de anedotas em tiras com textos bem simples.
E lembre-se a escolha dos momentos que conduzem a narrativa constituem a decupagem.
A Hora do Remédio (anedota popular)
Argumento:
Médico
conversando com o paciente.
Médico: Eu
disse pra você tomar o remédio às 9h, porque tomou às 6h?
Paciente: Pra
pegar as bactérias de surpresa, Doutor!
Veja como
ficou a tira:
Esse argumento pode funcionar muito bem com um ou dois quadros. O uso de três quadros dá uma percepção melhor de compasso na leitura inserindo um componente de timming, um ritmo com preparação para o desfecho da piada. A execução da tira em um só quadro (ou painel) cortaria a expectativa gerada pela mudança de quadro na leitura. No final das contas a decupagem precisa servir a compreensão da narrativa, cumprido esse quesito o que resta é uma questão de escolhas pessoais do artista.
Relógio Bonito (anedota popular)
Argumento:
Dois amigos
se encontram na rua e um deles tem um relógio no pulso.
—Relógio
bonito. Deve ter sido bem caro. Quanto pagou?
—Nada.
Ganhei numa corrida.
—Sério? E
tinha muitos competidores?
—Eu e mais três... o dono e dois policiais.
Veja como
ficou a versão da tira:
O jeito de contar, de mostrar pode ser diferente, podendo ter mais quadros ou menos quadros, o importante é que a situação fique fácil para o leitor entender. Lembre-se que as escolhas das imagens, o posicionamento dos balões, a quantidade de quadros , tudo deve estar a serviço de deixar a história clara e compreensível, afinal de contas, como já afirmaram Will Eisner, Flávio Colin, Maurício de Sousa e Ozamu Tezuca: a coisa mais importante numa História em Quadrinhos é a História.
MAIS:
JJ Marreiro Deviantart
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JJ Marreiro Profile
Como trabalhar com Quadrinhos
Lápis, Borracha, Papel e uma ideia
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