É interessante como a gente torce o nariz para coisas que desconhecemos, e as vezes não damos crédito a opiniões alheias. Aí quando isso acontece, cabe aquele ditado que diz: “Ah, queria ver se acontecesse com você.” E aí, quando acontece… tsc tsc tsc.
Passei por uma situação como essa recentemente, durante a GeekExpo 2015, que aconteceu entre os dias 12 e 13 de Setembro, no Sebrae. Minha experiência do “torcer o nariz” e me arrepender aconteceu com Cosplay. Sempre fui muito avesso a essa “modinha” (calma, minha opinião mudará, continue lendo). Sempre vi Cosplay como: pessoas que se vestiam como personagens de animes e mangas, e em sua maioria, eram adolescentes “alienados”.
Pensava: “Como pode, uma pessoa gastar tanto dinheiro para criar uma roupa pra ficar igual a um Cavaleiro do Zodíaco, ou a um robô gigante do Evangelion, ou usar várias camadas de malha e tecido, recriando armaduras e espadas de alumínio, ferro, papelão, isopor...E mais: passar horas andando de um lado para outro se exibindo para vários desconhecidos, e para quê? Concorrer a um concurso com prêmio em dinheiro, talvez uma viagem, mas as vezes, nem isso.”
Pois é. Descobri, no entanto, que Cosplay não é só isso. Precisei presenciar ao vivo para ver a magia que esse pessoal traz ao recriar roupas e armaduras, armas e adereços, e carregar uma pilha de sentimentos de milhares de pessoas que assistiram a um filme ou desenho, leram uma revista ou livro de onde saíram aqueles personagens, afinal, cosplay não faz cosplay dele mesmo, mas de um personagem que foi ou é adorado por milhares de pessoas. E quando ele faz com prazer, aí: “o negócio fica sério.”
Outro erro meu era achar que Cosplay era só de anime ou manga, apesar de ser super fã de Cavaleiros do Zodíaco, talvez o maior ícone do anime no Brasil, que tanto fez sucesso nos anos 90, junto a Pokemon, Dragon Ball e outros tantos, também sendo fã de tokusatsu como Jaspion, Jirayia, Changeman, Lion Man, Flashamn, Metalder ou Power Rangers (sim, sou fã, rsrs). Achava que era modinha oriental se vestir assim, já muita gente na terra do olho puxado vive praticamente como Cosplay e vive disso. Pois é, grande engano meu. (Nota do Editor: A prática do cosplay — costume player—surgiu nas convenções de Ficção Científica nos Estados Unidos por meio dos fãs de Jornada nas Estrelas).
Durante a GeekExpo, presenciei de forma real essa magia, vendo e me espantando de perto com o tamanho realismo e dedicação dada por todas aquelas pessoas, adolescentes ou não. Vi também que não é só oriental que curte, e menos ainda, que “cosplay não é só de anime”, ou ainda pior, um terceiro erro meu, derrubado no evento: “Cearense não sabe fazer cosplay.”
Sabe, e bem.
Toda minha descrença e desvalorização com o cosplay se desfez quando, durante o evento, vi um “Ranger Preto” passando próximo a mim. E olha, que cosplay fantástico! Ai meu amigo, não resiste e pensei: “Tenho que ver isso de perto.” Não só vi, como tirei foto, tietei, peguei na roupa (cuidado com a mente suja heim? :D ), e fiquei espantado com a qualidade dos uniforme, capacete, cada detalhe ali colocado, e até perguntei o rapaz, o ranger (me desculpe, mas não lembro o nome agora.): “Foi você mesmo que produziu?” Por que tamanha a qualidade, fiquei parecendo uma criancinha perto de um super herói. E claro, ele respondeu que não, tinha sido encomenda, por que tem pessoas que ganham dinheiro produzindo roupas para cosplays sim, e ganham muito.
A partir do “power ranger”, parecia que meus olhos e mente se abriam para esse incrível mundo, para mim, ate então desconhecido. Depois dele, vi um homem-bomba, uma mulher-gato, várias Arlequinas, claro, Coringas, um Zatana, um Capuz Vermelho, os padrinhos mágicos, versões femininas de Finn e Jake de “Hora de Aventura”, algumas “Ravenas” dos Novos e Jovens Titãs, até uma Korra de Avatar: A lenda de Korra. Parti para tirar fotos e mais fotos.
Jean Grey como Fenix, Alucard e Belmont de Castlevania, um perfeito e deslumbrante Thranduil e um excelente Thorin. Havia também um Constatine bem cara de pau como o da série e quadrinho. (Nota do Editor: Parte do trabalho do Cosplayer —nome que se dá ao praticante de cosplay— é encarnar o personagem trazendo suas posturas e expressões faciais). Um gambit, meio baixinho, mas tá valendo. Haviam também por la Lenneth e Rufus, de Valkyries Profile, a poderosa Thor e o Capitão América muito bem representado, e dentre tantos, a mais perfeita que vi e quis levar para casa (no bom sentido claro), a Jessie de Toy Story, que até o nome do Andy na bota ela tinha.
Enfim, percebi que torcer o nariz para algo desconhecido não é bom, é preciso antes conhecer mais, aprender e daí, tirar uma conclusão. Foi uma experiência sensacional, e que me fez ver com outros olhos uma cultura diferente. Fiquei, no entanto, com o gostinho de quero mais, tendo agora que aguardar um próximo evento onde esses “seres mágicos” venham a estar novamente. E até fiquei pensando, “quem sabe eu não saia de cosplay no próximo ano…?” Quem sabe?
A lição disso tudo: cosplay é coisa séria, e deixe de besta seu caba, e vai tirar logo uma foto com eles, ora mais mininu.
:D
MAIS:
COSPLAYS: Materializando Sonhos
Muito legal!! É sempre bom ter essas revelações, quando a gente percebe que oq a gente via era apenas a pontinha do Iceberg de algo muito maior. Cosplay é isso mesmo, é se divertir desde o processo de escolha, confecção, montagem...até o dia do evento, cada um busca a sua melhor forma de se divertir com o hobby. Não diria que aqui no Brasil existem pessoas vivendo só disso e ganhando dinheiro só com isso, mas em outros lugares do mundo sim.
ResponderExcluirEu comecei a fazer depois dos 25, nem só da molecada vive o cosplay, heheheh...gosto muito de tudo isso e vou conciliando o tempo com minhas profissões, afinal, cosplay pra mim é um hobby que faço questão de manter como um hobby mesmo, só curtição e gastação, auhauhahauhuaha.
PS: Adorei fazer parte da capa dessa matéria <3
Obrigadão pelo depoimento, Mel. Ele acabou enriquecendo a matéria. E obrigado pela gentileza e delicadeza de sempre :) Cosplay RULES!
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