terça-feira, 30 de agosto de 2016

Pensando Quadrinhos: Curiosidades sobre as primeiras TIRAS!





Richard Outcault entrou para a história dos quadrinhos com o lançamento de seu personagem Yellow Kid, em 1895, no jornal New York World. Este fato é usado como um marco zero para o estudo acadêmico das histórias em quadrinhos, embora seja sabido que existem manifestações bem anteriores que poderiam cumprir igualmente esta função. O Yellow Kid recebeu este nome por que vestia um camisão amarelo — a cor mais fácil de ser impressa naquela época. Eram fins do século XIX e os jornais New York Journal e New York World disputavam mercado, um dos elementos que atraía vendas era justamente as tiras e o criador de Yellow Kid protagonizou a disputa com ambos os lados oferecendo cada vez mais dinheiro pela sua colaboração. Tantas intrigas foram geradas em paralelo a isto que o termo "Yellow Jornalism" virou sinônimo de Jornalismo sem escrúpulos. No Brasil, em 1959, o jornalista Alberto Dines (jornalista brasileiro conhecido por apresentar o programa de TV Observatório da Imprensa) elaborava a seguinte manchete "Imprensa amarela leva cineasta ao suicídio" quando o editor sugeriu trocar amarelo por marrom, devido o amarelo ser uma cor muito amena. Assim, no Brasil o termo Jornalismo Amarelo, ou Imprensa Amarela ganhou outra coloração.

No ano de 1902, trabalhando para o jornal New York Herald, Outcault (o mesmo criador do Yellow Kid) lançou Buster Brown, um pequeno garoto travesso sempre acompanhado de seu cãozinho Tige. Em 1904, aproveitando a popularidade da tira,  negociou o direito de uso de seu personagem para várias empresas, entre elas a Brown Shoe Company que tratou de lançar uma linha de sapatos devidamente nomeada Buster Brown, com isso configurando uma das primeiras práticas de licenciamento de personagens de quadrinhos.




O jornalista e ilustrador Angelo Agostini publicou na revista carioca Vida Fluminense: As aventuras de Nhô Quim, em 30 de janeiro 1869. A trama narrava as desventuras de um caipira tentando sobreviver na cidade grande. No seu aniversário de publicação (30 de janeiro) foi instituído pela Associação dos Cartunistas do Brasil o Dia do Quadrinho Nacional


Em 1833 nas Aventuras de Zé Caipora, Angelo Agostini apresenta INAIÁ, uma índia de muita personalidade e de grande força física. A personagem é apontada por alguns historiadores como a primeira heroína de aventura das Histórias em Quadrinhos precedendo Sheena e Mulher-maravilha em cerca de 100 anos. A tira de Zé Caipora também é considerada precursora do gênero aventura nas histórias em quadrinhos. A estreia de Tarzan nas tiras foi em 1928. As aventuras de Tintin, de Hergè, estrearam em 1929.


A primeira agencia a distribuir Tiras e Quadrinhos no Brasil foi a agencia RECORD, fundada em 1940 por Alfredo Machado e Décio de Abreu, nos anos 60 a agencia mudaria o foco de trabalho para tornar-se a Editora Record. Em 1946 surgiria a Agencia Periodista Latino-Americana (APLA), em 1979 mudou o nome para Inca Press e funcionou até 1993. Nos anos 60 surge a CETPA (Cooperativa e Editora de Trabalho de Porto Alegre) que distribuia trabalhos de artistas brasileiros, entre eles: Júlio Shimamoto, Getúlio Delphin e João Mottoni. Ainda nos anos 60, Maurício de Sousa criou seu próprio Syndicate e distribuiu tiras de vários autores, incluindo Shimamoto e Flávio Colin. ATé os anos de 1980, 80% das tiras publicadas no Brasil eram estrangeiras. COm a intervenção da Agência Funarte (Fundação Nacional de Artes) sob coordenação de Ziraldo os quadrinhos nacionais ganharam mais espaço. Nos anos 90, o Presidente Collor de Mello decretou o fechamento da agência , que se tornou um empreendimento particular gerido por Ziraldo sob o nome de Agência Pacatatu, o que garantiu 50% dos espaços de tiras com material nacional.

O Marinheiro Popeye estreou em 17 de janeiro de 1929 na tira Thimble Theatre. O personagem ganhou tanta popularidade, que o consumo de Espinafre (vegetal que ele ingeria para conferir força sobre-humana) aumentou 33% entre 1931 e 1936. Uma pesquisa de 2010 mostrou que crianças passavam a comer mais espinafre depois de ver desenhos animados do Popeye. Em Cristal City (Texas) a comunidade de cultivadores de espinafre ergueu uma estátua na praça central da cidade em reconhecimento aos serviços prestados por Popeye para a indústria do espinafre. Em Chester (Illinois), cidade natal do criador de Popeye, Elzie Crisler Seagar (E.C. Siagar), há uma outra estátua do personagem. E, na capital mundial do espinafre, Alma ( Arkansas),  há mais uma estátua no Popeye Park, o local onde ocorre a Feira Anual do Espinafre.


O famoso formato Comicbook, das revista norte-americanas, surgiu à partir de uma experiência do representante de vendas Maxwell Gaines. Ao ver que muitas pessoas adquiriam os jornais apenas para ler as tiras —muitos imigrantes aprenderam a ler e escrever com as tiras por conta do apoio visual e do contexto das cenas— Gaines dobrou os encartes, formato tablóide, e após colocar um adesivo de 10 cents, distribuiu apenas os encartes em algumas bancas. Após verificar a venda espantosa adotou o formato e começou a publicar revistas cujo conteúdo eram os personagens e tiras famosos de jornais. Assim nasceu o formato americano e as primeiras revistas norte-americanas de quadrinhos.











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3 comentários:

  1. Muito bacana esse texto, JJ! Eu jamais imaginava que a expressão "imprensa marrom" estava de algum modo relacionada à origem dos quadrinhos. Sem contar que eu também não sabia o quanto o Popeye era tão idolatrado assim ao redor do mundo a ponto de ter estátuas em vários lugares! A estátua dele em Alma é incrível!

    Você já escreveu mais sobre as "manifestações bem anteriores que poderiam cumprir igualmente esta função"? Seria interessante aprofundar este tema.

    Um abraço!

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    1. Olá, Raphael. Obrigado pela visita e pelo comentário. Explique um pouco mais sobre essas "manifestações" acho que não entendi direito :)Obrigadão pela força!

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  2. Tem uma outra tira dos anos 20, Shōchan no bōken de Oda Nobutsune (roteiro) e Katsuichi Kabashima (desenhos), publicado em 1923 no jornal Asahi Graph. Esse trabalho acadêmico é bem interessante http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/97634

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