Nesse ano em que completa 75 anos, a Mulher-Maravilha havia
sido escolhida para ser a embaixadora da ONU por ser o símbolo da paz, justiça e
igualdade, bem como para promover os direitos das mulheres. A nomeação foi no
dia 21 de outubro na sede da ONU em Nova York nos Estados Unidos. A cerimônia contou
com as presenças das atrizes Gal Gadot que atualmente interpreta a personagem
nos cinemas e de Lynda Carter que encarnou a heroína na série televisiva nos
anos 1970.
No entanto, na ocasião houve uma série de protestos pelo fato de uma personagem de ficção ser escolhida ao invés de uma mulher real. Um portal da internet chegou a ser criado por manifestantes dizendo que a Mulher-Maravilha é "a encarnação da garota do calendário – branca, de seios generosos e medidas improváveis – e ainda se veste com a bandeira dos Estados Unidos".
A partir daí gerou-se uma discussão entre os que
eram a favor e os que eram contra. Os favoráveis, alegavam que os
protestantes não conheciam a personagem e suas verdadeiras características. Que a heroína havia sido criada justamente
para representar a força da mulher e os ideais de justiça, paz e igualdade. E
que independente de sua aparência ou nacionalidade ela defendia esses ideais
universalmente.
Após toda essa discussão foi criada uma petição
com mais de 45 mil assinaturas em que os protestantes diziam “Embora os
criadores originais possam ter pretendido que a Mulher-Maravilha representasse
uma mulher guerreira, forte e independente, com uma mensagem feminista, a
realidade é que a iteração atual da personagem é a de uma mulher branca de
proporções impossíveis”
Em vista disso, dois meses depois de ter sido nomeada como sua embaixadora, a ONU voltou atrás e retirou o título da Amazona.
Essa atitude da ONU repercutiu ainda mais e
gerou protestos das próprias atrizes Lynda Carter e Gal Gadot que eram
representantes da personagem na ONU.
Segundo Aladim Miguel, pesquisador e especialista em Lynda Carter, a atriz deu a seguinte declaração para o New York Times:
"O que acho interessante é que eles não
visualizam o quadro completo. Concordo que a questão da igualdade de gênero é
muito maior do que qualquer personagem e entendo que um personagem dos
quadrinhos não deva representar algo tão importante. Concordo com isso. O que
discordo é essa ideia sobre a Mulher-Maravilha. Ela é uma defensora icônica,
ela é arquetípica. É a coisa mais sexista do mundo dizer que tudo o que você vê
quando pensa na Mulher-Maravilha é um objeto sexual"
A atriz, também rebateu a insinuação contra o seu figurino sensual na série comparando-o ao do Superman:
"Ele tem um traje colante que mostra cada ondulação,
não? Ele não tem uma grande protuberância em sua virilha? “Então por que não
reclamam disso?”
Ainda segundo Aladim, ela também referiu-se a origem
da Mulher Maravilha:
“E quem
disse que a Mulher-Maravilha é branca? Sou metade mexicana. Gal Gadot é
israelense. A personagem é uma princesa amazona, não americana. Eles estão
tentando colocá-la em uma caixa e ela não está em uma caixa".
Já Gadot demonstrou perplexidade em suas
afirmações:
“Existem tantas coisas horríveis acontecendo no
mundo e vocês estão protestando contra isso? É sério? Quando as pessoas dizem
que a Mulher-Maravilha é sexualizada demais e que ela precisa ter um uniforme
diferente, eu realmente não entendo. Já vi muitos dizendo que se ela é forte e
inteligente, ela não pode ser sexy. Isso não é justo. Por que ela não pode ter
todas essas qualidades ao mesmo tempo? ”
No entanto, algo que poucos sabem, foi a real
intenção do psicólogo americano William Moulton Marston ao criar a Mulher-Maravilha. Conforme explica a pesquisadora de Histórias em Quadrinho Dani Marino no site Minas Nerds, seu objetivo não era demonstrar a igualdade dos gêneros, mas
mostrar a superioridade da mulher sobre o homem. Marston, também foi o criador
do polígrafo, o detector de mentiras, e concluiu através de suas experiências
que as mulheres mentiam menos do que os homens. Justamente por isso convenceu-se
que elas eram moralmente superiores e mais capazes de lutar, como zelar pelo
bem comum. Mais um motivo que os protestantes desconhecem.
Mas e o que acham as Mulheres-Maravilha do Laboratório Espacial? Em um artigo anterior elas já haviam opinado aqui sobre a importância da Mulher-Maravilha em suas vidas. Agora você vai saber a opinião feminina de garotas que também curtem quadrinhos e até trabalham com isso.
E com vocês nossas Powergirls! (Os depoimentos a seguir estão em ordem alfabética)
BÁRBARA ELLEN
São inúmeras as figuras
femininas fortes presentes na mídia atualmente, Supergirl nas séries, Lara
Croft nos games, ou a Mulher Maravilha nos cinemas, todas inspirando gerações,
e Diana Prince... Ah essa realmente tem o poder e a presença necessária para
ocupar um cargo de tamanha responsabilidade. Realmente é uma pena que eles só
enxerguem uma "mulher branca de proporções impossíveis".
Bárbara Ellen: "Técnica em Enfermagem, curte mangás e é desenhista nas horas vagas"
DANI MARINO
Minha
relação com a Mulher-Maravilha é tão curiosa quanto a minha relação com as HQs: até há pouco tempo, eu
realmente não ligava muito para ela, embora o carinho exista desde a infância,
quando tive minha primeira e mais duradoura referência de Diana, protagonizada
por Lynda Carter na série de TV.
Eu
tinha uns 5 anos quando a série era exibida na sequência de Batman e a Poderosa
Ísis e não fazia ideia que os personagens vinham das HQs até conhecer a coleção
intocável do meu pai. Mas entre Tio Patinhas e Homem-Aranha, não havia história
da princesa amazona.
Nos
desenhos animados, eu conheci os Superamigos, mas na mesma época, a
Mulher-Aranha ganhou meu coração como heroína favorita. E aí, mais tarde, vieram
os X-Men e a Mulher-Maravilha ficou esquecida em minha memória até
recentemente. Então, ela nunca foi minha referência modelo a seguir. Meus
modelos eram reais, minha mãe, minhas professoras, a professora que se
aventurou na Challenge como astronauta, Joana D’Arc...
Até
que em 2012, quando escolhi Sandman
como tema do TCC na faculdade de Letras, eu dei início à minha jornada no
universo acadêmico de HQ, onde eu conheceria uma série de pesquisadores que,
entre diversos temas, também pesquisavam a Mulher-Maravilha.
Ao
longo desses últimos 4 anos, tive a oportunidade de conhecer muitos aspectos
sobre a história de Diana Prince que geralmente passam despercebidos pelos
leitores e, a partir do convite da Gabriela Franco (Minas Nerds) para integrar
uma mesa sobre a evolução da Mulher-Maravilha em seus 75 anos de existência,
fatos sobre ela não pararam mais de chegar ao meu conhecimento e a única coisa
que eu pude fazer foi literalmente me render a seus encantos.
Então,
depois de ler suas primeiras histórias e outras mais significativas, assistir
às animações e ler os livros teóricos sobre a heroína mais icônica das HQ, não
me restam dúvidas que muito além de uma mulher branca e de seios fartos
sumariamente vestida, como alegam os signatários da petição contra sua nomeação
como embaixadora honorária da ONU, ela simboliza o poder feminino, a
independência e a luta pela justiça, valores universais compartilhados por
pessoas do mundo todo. Portanto, é uma grande perda para a luta pela igualdade
de gêneros que ela tenha sido dispensada de seu posto Dani Marino é mestranda em Comunicação na
ECA-USP e pesquisadora de Histórias em Quadrinhos. Integrante da Associação de
Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS) e do Observatório de Histórias em
Quadrinhos da USP, Dani também colabora com os sites Minas Nerds,
Quadro-a-Quadro e Iluminerds. Secretamente é a Mulher-Maravilha, mas esse é um segredo guardado a sete chaves.
Para conhecer seus trabalhos acesse:
DÉBORA CARITÁ
Como
eu sempre digo, as próprias mulheres ( a maioria) interpreta de forma errada a Mulher-Maravilha: apenas por sua aparência, e não sua mensagem. A minha
opinião é que, SE A MENSAGEM MITOLÓGICA DA MULHER MARAVILHA FOR MANTIDA, ELA
PODE ASSUMIR QUALQUER APARÊNCIA FEMININA: LOIRA, NEGRA E QUALQUER PROPORÇÃO, desde que sua aparência não seja tema de suas
historias, e nem modifique sua mensagem original.
Débora Caritá: Formada em Letras mas sua vocação mais predominante foi o desenho e a ilustração. Já fez trabalhos como colorista para editoras como a Marvel (Hulk, X-23) e Dynamite onde trabalhou sob a direção de Alex Ross na série Superpowers. Atuou durante dois anos como desenhista na revista mensal Dejah Thoris (Dynamite). Atualmente faz ilustrações publicitarias para animatics, desenhos de projetos de HQs, faz estudos de modelagem 3D.
Para conhecer o seu trabalho acesse:
Para contatar Débora acesse seu Facebook: Débora Caritá Facebook
HELENA LOPES
Falar sobre estética, beleza, padrões e como o mundo
aceita esses conceitos é muito complexo, principalmente quando relacionado a
algo tão explosivo como uma relação à ONU. A razão de ter Mulher-Maravilha como
embaixadora de uma causa que precisa de força para poder ser melhor vista era
clara, e a revogação dessa posição faz com que esse impulso fique cada vez mais
fraco. Ao meu ver, independente de proporções ou não, mulheres e homens têm que
erguer o pulso e lutar pelo o que querem, lutar pelo simples direito a
igualdade. E agora, mesmo não possuindo uma grande força como o símbolo da
mulher maravilhosa, a luta nunca deve terminar. Símbolos de feminismo nascem
todos os dias e depende de nós utilizarmo-nos deles para engrandecer ainda mais
a causa e nunca deixa-la morrer.
Helena Lopes: Escritora autora de três romances, formada em Marketing, cursando Arquitetura e Urbanismo, ex-youtuber e nerd “multifuncional”. Durante a noite costuma ser vista no alto dos prédios perseguindo um certo Homem Morcego vestida de Mulher Gato.
JAQUELINE ABRÃO (JACK ABRÃO)
Não
é a primeira vez que uma personagem de ficção é nomeada embaixadora honorária
das Nações Unidas... A fada Sininho já tratou de questões ecológicas, o Winnie
the Pooh já olhou pela amizade e o Angry Birds já esteve associado às questões
climáticas. E a proposta de colocar a Mulher-Maravilha como representante
dessa campanha a meu ver era uma ótima ideia, pois essa personagem surgiu em
uma época em que os personagens femininos eram papel secundário na cena dos
quadrinhos e filmes,e é um ícone que simboliza a paz , igualdade e justiça. Porém segundo algumas pesquisas que eu puder ler, 100 manifestantes, segundo a
CBS News, ergueram cartazes com frases como “Não sou uma mascote” ou “Mulheres
verdadeiras merecem uma embaixadora verdadeira”. Na minha opinião eu acredito
que o público que está fazendo as manifestações, não compreenderam de fato a
proposta da campanha que era atrair a atenção principalmente dos jovens para
luta contra a discriminação de gênero... Eles tem direito em exigir um
representante real para erguer-se perante os 192 estados e deixar a sua opinião
e imagem real, porém isso não é motivo para ONU encerrar a campanha com a
personagem. Essa revolta toda na minha opinião é muito exagerada.
Jaqueline Abrão: 26 anos, Pedagoga,Maquiadora Profissional, Cosplay, Youtuber no canal Jcatchannel e Proprietária da empresa Its'ME - Moda Geek.
Jack Abrão Instagram
Página do Facebook
Jack Abrão no Youtube
Twitch TV/Jack Abrão
Loja de Kigurumis
Página do Facebook
Jack Abrão no Youtube
Twitch TV/Jack Abrão
Loja de Kigurumis
KARINE FERREIRA
Então,
penso a respeito de alguns pontos:
1- Não entendo o motivo pelo qual
"revoltou" tanto algumas pessoas o fato de a personagem ter sido
escolhida. Qual é o problema? "aahh mas é 'sexualizada'...". Não vejo
por esse lado, mas sim pela história da heroína.
2- O fato da ONU desistir da
escolha também não é compreensível. Nem eles mesmos argumentaram sobre isso,
apenas anunciaram a desistência e ponto. Isso me faz refletir em como algumas
pessoas ainda pensam de forma conservadora. Será que algum dia (em um futuro
distante) mudarão? Não sei porque, mas o caso me lembrou do cartaz do filme
X-Men que deu tanto o que falar (da Mistica sendo enforcada por Apocalipse). Em fim, esse é
outro debate longo...
Karine Ferreira: 27 anos, é jornalista e pós graduada em mídias digitais. Trabalha com redes sociais e sempre nos tempos livres costuma ler e se inteirar nos universos geek e tecnológico.
PAMELA HELLEN
Gosto
da Mulher Maravilha pelo o que ela representa: Mulher forte, independente e
cheia de atitude! Muitas outras heroínas da DC demonstram a mesma coisa que nós
fãs temos por essa heroína... Admiração! Ela é branca sim e se fosse negra
seria do mesmo jeito. Esse corpo forte é difícil de alcançar, mas para que eu
iria querer isso? Estou bem assim. Se você fica prestando atenção em formas de
corpo e cor de pele, por favor... Quem tem problema é você. Eu sou uma Mulher
Maravilha com muito orgulho!
Pamela Hellen: 22 anos. Estudante de Publicidade e nas horas vagas saiu por ai salvando o mundo como ajudar uma velhinha a atravessar a rua...
VERÔNICA ÉRICA BERGAMIN
Achei ridícula essa atitude de algumas pessoas votarem para que a Mulher-Maravilha não pudesse representar a força feminina na ONU, pelo simples fato de alguns acharem que ela é sensual demais. Não se julga uma pessoa pelas vestes que ela usa, mas sim pelos seus feitos e pelo que simboliza. Onde está a justiça, igualdade e direitos iguais se sempre somos julgados pela nossa aparência e raramente pelos nossos atos? Apesar de ser uma personagem fictícia de HQs, a Mulher-Maravilha se destaca pela sua força, coragem e determinação.
Verônica Érica Bergamin: É Técnica em Nutrição, adora ler e não perde um filme de super-heróis. É fã do Batman e do Justiceiro porque gosta de heróis violentos mas chorou quando leu A Morte do Superman.
eu que deve ser embaichadora
ResponderExcluirO problema são esses grupelhos SJW que forçam todo e qualquer idéia e opinião goela abaixo DE TODOS! Irônico D+ FEMINISTAS serem contra a Mulher-Maravilha; bom ver que a máscara delas está caindo, pena que a força da imposição e censura delas ainda é forte.
ResponderExcluirOlá mano Quartim!
ResponderExcluirFazendo coro à tua escrita, gostaria de expressar minha ideia sobre o fato. Todo extremismo é burro e insano, falando do extremismo do movimento feminista, que originalmente brigava pela igualdade de gênero, muitas das vezes vem agindo com ações perversas e estúpidas. Será que o grupo de feministas que tirou o título de embaixadora da personagem por rotularem-na como símbolo sexual, é o mesmo grupo que luta pelo direito de ter o sovaco cabeludo e andar com as mamas desnudas em público?
Hahaha com certeza é o mesmo grupo Paulo! E tem toda razão em cada palavra acima irmão!
ResponderExcluir