sábado, 7 de janeiro de 2017

MULHER-MARAVILHA FORA DA ONU: O que pensam as Mulheres-Maravilha do Lab. Esp.?


Nesse ano em que completa 75 anos, a Mulher-Maravilha havia sido escolhida para ser a embaixadora da ONU por ser o símbolo da paz, justiça e igualdade, bem como para promover os direitos das mulheres. A nomeação foi no dia 21 de outubro na sede da ONU em Nova York nos Estados Unidos. A cerimônia contou com as presenças das atrizes Gal Gadot que atualmente interpreta a personagem nos cinemas e de Lynda Carter que encarnou a heroína na série televisiva nos anos 1970. 


 
No entanto, na ocasião houve uma série de protestos pelo fato de uma personagem de ficção ser escolhida ao invés de uma mulher real. Um portal da internet chegou a ser criado por manifestantes dizendo que a Mulher-Maravilha é "a encarnação da garota do calendário – branca, de seios generosos e medidas improváveis – e ainda se veste com a bandeira dos Estados Unidos". 

A partir daí gerou-se uma discussão entre os que eram a favor e os que eram contra. Os favoráveis, alegavam que os protestantes não conheciam a personagem e suas verdadeiras características.  Que a heroína havia sido criada justamente para representar a força da mulher e os ideais de justiça, paz e igualdade. E que independente de sua aparência ou nacionalidade ela defendia esses ideais universalmente.


Após toda essa discussão foi criada uma petição com mais de 45 mil assinaturas em que os protestantes diziam “Embora os criadores originais possam ter pretendido que a Mulher-Maravilha representasse uma mulher guerreira, forte e independente, com uma mensagem feminista, a realidade é que a iteração atual da personagem é a de uma mulher branca de proporções impossíveis

 
Em vista disso, dois meses depois de ter sido nomeada como sua embaixadora, a ONU voltou atrás e retirou o título da Amazona.

Essa atitude da ONU repercutiu ainda mais e gerou protestos das próprias atrizes Lynda Carter e Gal Gadot que eram representantes da personagem na ONU.

Segundo  Aladim Miguel, pesquisador e especialista em  Lynda Carter, a atriz deu a seguinte declaração para o  New York Times:
"O que acho interessante é que eles não visualizam o quadro completo. Concordo que a questão da igualdade de gênero é muito maior do que qualquer personagem e entendo que um personagem dos quadrinhos não deva representar algo tão importante. Concordo com isso. O que discordo é essa ideia sobre a Mulher-Maravilha. Ela é uma defensora icônica, ela é arquetípica. É a coisa mais sexista do mundo dizer que tudo o que você vê quando pensa na Mulher-Maravilha é um objeto sexual" 

A atriz, também rebateu a insinuação contra o seu figurino sensual na série comparando-o ao do Superman: 
"Ele tem um traje colante que mostra cada ondulação, não? Ele não tem uma grande protuberância em sua virilha? “Então por que não reclamam disso?” 




Ainda segundo Aladim, ela também referiu-se a origem da Mulher Maravilha:
 “E quem disse que a Mulher-Maravilha é branca? Sou metade mexicana. Gal Gadot é israelense. A personagem é uma princesa amazona, não americana. Eles estão tentando colocá-la em uma caixa e ela não está em uma caixa".

Gadot demonstrou perplexidade em suas afirmações:
Existem tantas coisas horríveis acontecendo no mundo e vocês estão protestando contra isso? É sério? Quando as pessoas dizem que a Mulher-Maravilha é sexualizada demais e que ela precisa ter um uniforme diferente, eu realmente não entendo. Já vi muitos dizendo que se ela é forte e inteligente, ela não pode ser sexy. Isso não é justo. Por que ela não pode ter todas essas qualidades ao mesmo tempo?


No entanto, algo que poucos sabem, foi a real intenção do psicólogo americano William Moulton Marston ao criar a Mulher-Maravilha. Conforme explica a pesquisadora de Histórias em Quadrinho Dani Marino no site Minas Nerds, seu objetivo não era demonstrar a igualdade dos gêneros, mas mostrar a superioridade da mulher sobre o homem. Marston, também foi o criador do polígrafo, o detector de mentiras, e concluiu através de suas experiências que as mulheres mentiam menos do que os homens. Justamente por isso convenceu-se que elas eram moralmente superiores e mais capazes de lutar, como zelar pelo bem comum. Mais um motivo que os protestantes desconhecem.

Mas e o que acham as Mulheres-Maravilha do Laboratório Espacial? Em um artigo anterior elas já haviam opinado  aqui sobre a importância da Mulher-Maravilha em suas vidas. Agora você vai saber a opinião feminina de garotas que também curtem quadrinhos e até trabalham com isso.

E com vocês nossas Powergirls(Os depoimentos a seguir estão em ordem alfabética)

BÁRBARA ELLEN
São inúmeras as figuras femininas fortes presentes na mídia atualmente, Supergirl nas séries, Lara Croft nos games, ou a Mulher Maravilha nos cinemas, todas inspirando gerações, e Diana Prince... Ah essa realmente tem o poder e a presença necessária para ocupar um cargo de tamanha responsabilidade. Realmente é uma pena que eles só enxerguem uma "mulher branca de proporções impossíveis".
 Bárbara Ellen: "Técnica em Enfermagem, curte mangás e é desenhista nas horas vagas"


DANI MARINO
Minha relação com a Mulher-Maravilha é tão curiosa quanto a minha relação com as HQs: até há pouco tempo, eu realmente não ligava muito para ela, embora o carinho exista desde a infância, quando tive minha primeira e mais duradoura referência de Diana, protagonizada por Lynda Carter na série de TV.
Eu tinha uns 5 anos quando a série era exibida na sequência de Batman e a Poderosa Ísis e não fazia ideia que os personagens vinham das HQs até conhecer a coleção intocável do meu pai. Mas entre Tio Patinhas e Homem-Aranha, não havia história da princesa amazona.
Nos desenhos animados, eu conheci os Superamigos, mas na mesma época, a Mulher-Aranha ganhou meu coração como heroína favorita. E aí, mais tarde, vieram os X-Men e a Mulher-Maravilha ficou esquecida em minha memória até recentemente. Então, ela nunca foi minha referência modelo a seguir. Meus modelos eram reais, minha mãe, minhas professoras, a professora que se aventurou na Challenge como astronauta, Joana D’Arc...
Até que em 2012, quando escolhi Sandman como tema do TCC na faculdade de Letras, eu dei início à minha jornada no universo acadêmico de HQ, onde eu conheceria uma série de pesquisadores que, entre diversos temas, também pesquisavam a Mulher-Maravilha.
Ao longo desses últimos 4 anos, tive a oportunidade de conhecer muitos aspectos sobre a história de Diana Prince que geralmente passam despercebidos pelos leitores e, a partir do convite da Gabriela Franco (Minas Nerds) para integrar uma mesa sobre a evolução da Mulher-Maravilha em seus 75 anos de existência, fatos sobre ela não pararam mais de chegar ao meu conhecimento e a única coisa que eu pude fazer foi literalmente me render a seus encantos.
Então, depois de ler suas primeiras histórias e outras mais significativas, assistir às animações e ler os livros teóricos sobre a heroína mais icônica das HQ, não me restam dúvidas que muito além de uma mulher branca e de seios fartos sumariamente vestida, como alegam os signatários da petição contra sua nomeação como embaixadora honorária da ONU, ela simboliza o poder feminino, a independência e a luta pela justiça, valores universais compartilhados por pessoas do mundo todo. Portanto, é uma grande perda para a luta pela igualdade de gêneros que ela tenha sido dispensada de seu posto                          Dani Marino é mestranda em Comunicação na ECA-USP e pesquisadora de Histórias em Quadrinhos. Integrante da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS) e do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP, Dani também colabora com os sites Minas Nerds, Quadro-a-Quadro e Iluminerds. Secretamente é a Mulher-Maravilha, mas esse é um segredo guardado a sete chaves.

Para conhecer seus trabalhos acesse:
DÉBORA CARITÁ
Como eu sempre digo, as próprias mulheres ( a maioria) interpreta de forma errada a Mulher-Maravilha: apenas por sua aparência, e não sua mensagem. A minha opinião é que, SE A MENSAGEM MITOLÓGICA DA MULHER MARAVILHA FOR MANTIDA, ELA PODE ASSUMIR QUALQUER APARÊNCIA FEMININA: LOIRA, NEGRA E QUALQUER PROPORÇÃO, desde que sua aparência não seja tema de suas historias, e nem modifique sua mensagem original.
Débora Caritá: Formada em Letras mas sua vocação mais predominante foi o desenho e a ilustração. Já fez trabalhos como colorista para editoras como a Marvel (Hulk, X-23) e Dynamite onde trabalhou sob a direção de Alex Ross na série Superpowers. Atuou durante dois anos como desenhista na revista mensal Dejah Thoris (Dynamite). Atualmente faz ilustrações publicitarias para animatics, desenhos de projetos de HQs, faz estudos de modelagem 3D.
Para conhecer o seu trabalho acesse:
Para contatar Débora acesse seu Facebook: Débora Caritá Facebook


HELENA LOPES
Falar sobre estética, beleza, padrões e como o mundo aceita esses conceitos é muito complexo, principalmente quando relacionado a algo tão explosivo como uma relação à ONU. A razão de ter Mulher-Maravilha como embaixadora de uma causa que precisa de força para poder ser melhor vista era clara, e a revogação dessa posição faz com que esse impulso fique cada vez mais fraco. Ao meu ver, independente de proporções ou não, mulheres e homens têm que erguer o pulso e lutar pelo o que querem, lutar pelo simples direito a igualdade. E agora, mesmo não possuindo uma grande força como o símbolo da mulher maravilhosa, a luta nunca deve terminar. Símbolos de feminismo nascem todos os dias e depende de nós utilizarmo-nos deles para engrandecer ainda mais a causa e nunca deixa-la morrer.
Helena Lopes: Escritora autora de três romances, formada em Marketing, cursando Arquitetura e Urbanismo, ex-youtuber e nerd “multifuncional”. Durante a noite costuma ser vista no alto dos prédios perseguindo um certo Homem Morcego vestida de Mulher Gato.



JAQUELINE ABRÃO (JACK ABRÃO)
Não é a primeira vez que uma personagem de ficção é nomeada embaixadora honorária das Nações Unidas... A fada Sininho já tratou de questões ecológicas, o Winnie the Pooh já olhou pela amizade e o Angry Birds já esteve associado às questões climáticas. E a proposta de colocar a Mulher-Maravilha como representante dessa campanha a meu ver era uma ótima ideia, pois essa personagem surgiu em uma época em que os personagens femininos eram papel secundário na cena dos quadrinhos e filmes,e é um ícone que simboliza a paz , igualdade e justiça. Porém segundo algumas pesquisas que eu puder ler, 100 manifestantes, segundo a CBS News, ergueram cartazes com frases como “Não sou uma mascote” ou “Mulheres verdadeiras merecem uma embaixadora verdadeira”. Na minha opinião eu acredito que o público que está fazendo as manifestações, não compreenderam de fato a proposta da campanha que era atrair a atenção principalmente dos jovens para luta contra a discriminação de gênero... Eles tem direito em exigir um representante real para erguer-se perante os 192 estados e deixar a sua opinião e imagem real, porém isso não é motivo para ONU encerrar a campanha com a personagem. Essa revolta toda na minha opinião é muito exagerada.
Jaqueline Abrão: 26 anos, Pedagoga,Maquiadora Profissional, Cosplay, Youtuber no canal Jcatchannel e Proprietária da empresa Its'ME - Moda Geek.


KARINE FERREIRA
Então, penso a respeito de alguns pontos: 

1- Não entendo o motivo pelo qual "revoltou" tanto algumas pessoas o fato de a personagem ter sido escolhida. Qual é o problema? "aahh mas é 'sexualizada'...". Não vejo por esse lado, mas sim pela história da heroína. 

2- O fato da ONU desistir da escolha também não é compreensível. Nem eles mesmos argumentaram sobre isso, apenas anunciaram a desistência e ponto. Isso me faz refletir em como algumas pessoas ainda pensam de forma conservadora. Será que algum dia (em um futuro distante) mudarão? Não sei porque, mas o caso me lembrou do cartaz do filme X-Men que deu tanto o que falar (da Mistica sendo enforcada por Apocalipse). Em fim, esse é outro debate longo...

Karine Ferreira: 27 anos, é jornalista e pós graduada em mídias digitais. Trabalha com redes sociais e sempre nos tempos livres costuma ler e se inteirar nos universos geek e tecnológico.





PAMELA HELLEN
Gosto da Mulher Maravilha pelo o que ela representa: Mulher forte, independente e cheia de atitude! Muitas outras heroínas da DC demonstram a mesma coisa que nós fãs temos por essa heroína... Admiração! Ela é branca sim e se fosse negra seria do mesmo jeito. Esse corpo forte é difícil de alcançar, mas para que eu iria querer isso? Estou bem assim. Se você fica prestando atenção em formas de corpo e cor de pele, por favor... Quem tem problema é você. Eu sou uma Mulher Maravilha com muito orgulho! 
Pamela Hellen: 22 anos. Estudante de Publicidade e nas horas vagas saiu por ai salvando o mundo como ajudar uma velhinha a atravessar a rua... 




VERÔNICA ÉRICA BERGAMIN
Achei ridícula essa atitude de algumas pessoas votarem para que a Mulher-Maravilha não pudesse representar a força feminina na ONU, pelo simples fato de alguns acharem que ela é sensual demais. Não se julga uma pessoa pelas vestes que ela usa, mas sim pelos seus feitos e pelo que simboliza. Onde está a justiça, igualdade e direitos iguais se sempre somos julgados pela nossa aparência e raramente pelos nossos atos? Apesar de ser uma personagem fictícia de HQs, a Mulher-Maravilha  se destaca pela sua força, coragem e determinação.
Verônica Érica Bergamin: É Técnica em Nutrição, adora ler e não perde um filme de super-heróis.  É fã do Batman e do Justiceiro porque gosta de heróis violentos mas chorou quando leu A Morte do Superman.





https://www.youtube.com/c/DROPSRicardoQuartim


http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2016/07/powergirls-elas-adoram-mulher-maravilha.html


http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2016/04/porque-mulher-maravilha-e-tao-legal-por.html

http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2012/03/uma-princesa-de-ontem-de-hoje-e-de.html

http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2016/11/o-cinema-da-dc-no-mundo-paralelo.html





4 comentários:

  1. O problema são esses grupelhos SJW que forçam todo e qualquer idéia e opinião goela abaixo DE TODOS! Irônico D+ FEMINISTAS serem contra a Mulher-Maravilha; bom ver que a máscara delas está caindo, pena que a força da imposição e censura delas ainda é forte.

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  2. Olá mano Quartim!
    Fazendo coro à tua escrita, gostaria de expressar minha ideia sobre o fato. Todo extremismo é burro e insano, falando do extremismo do movimento feminista, que originalmente brigava pela igualdade de gênero, muitas das vezes vem agindo com ações perversas e estúpidas. Será que o grupo de feministas que tirou o título de embaixadora da personagem por rotularem-na como símbolo sexual, é o mesmo grupo que luta pelo direito de ter o sovaco cabeludo e andar com as mamas desnudas em público?

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  3. Hahaha com certeza é o mesmo grupo Paulo! E tem toda razão em cada palavra acima irmão!

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