Anteriormente escrevi sobre os aspectos visuais do personagem (caso não tenha lido clique aqui), desta vez o assunto é outro.
O primeiro contato que temos com um personagem é através da sua imagem e das informações que esta imagem pode nos passar. Esta imagem é encarregada de gerar o interesse do leitor, assim como uma capa que é responsável pela primeira impressão de um livro ou revista. E convenhamos: uma excelente capa vende um livro, mas o que vai garantir que seja de fato um bom livro é seu conteúdo. E é disso que falaremos a seguir.
Não existem regras definitivas para conduzir a criação de um personagem, antes de tudo é importante perceber que a criação é um momento de exercício de liberdade, entretanto a criação sempre atende a algum propósito, seja ele fruto de uma necessidade interna ou externa ao autor. Assim existem diversos métodos úteis e que podem ser adaptados ou modificados. Neste material compilamos algumas informações que tem o objetivo de apresentar opções dentro do processo criativo relacionado ao desenvolvimento de um personagem.
USANDO OS RPGS:
Os Role Playing Games, são jogos de interpretação cujo objetivo é a cooperação de um grupo para narrar em conjunto uma história. Existem RPGs de Fantasia Medieval, Terror, Super-Heróis, Western, Ficção Científica e quantos gêneros ou sub-gêneros você puder imaginar. E cada RPG possui seu sistema de regras para criação de personagens, alguns mais complexos outros menos. De qualquer modo uma consulta a um livro de RPG pode render boas ideias para a criação de um personagem.
Uma das primeiras versões do Dangeons & Dragons (talvez o RPG mais famoso do mundo) trazia apenas três opções de alinhamento para ajudar a definir o personagem:
Ordeiro (personagens que possuem uma relação de respeito as regras e buscam o bem para a coletividade);
Caótico (alinhamento daqueles para os quais as pessoas são mais importantes que as regras. Para eles o acaso rege a vida dos homens e não as regras);
Neutro (Alinhamento dos que acreditam na necessidade de equilíbrio entre Ordem e Caos. Preferem confiar seu destino às suas próximas habilidades).
O nível de complexidade de estruturação de personagem muda de um sistema de RPG para outro, como dito anteriormente. No quadro abaixo vemos uma listra de arquétipos de personalidades usadas na construção de personagens do RPG Vampiro: A Máscara. (Nota: Os alinhamentos mais aprofundados e detalhados de outras versões do D&D estão nos links ao final da matéria).
PESQUISAS DE PERSONALIDADE
Criar personagens significa pensar não apenas em qualidades e defeitos, mas todo um conjunto de características, por isso estudos de personalidade são materiais bem vindos.
Hipócrates, pai da medicina propunha uma classificação de seus pacientes em 4 tipos segundo estruturas biológicas: Sanguíneo:
Extrovertido, confiante, irritadiço, petulante, impulsivo; Colérico:
Proativo, determinado, mandão, temperamental; Melancólico:
Preocupado, previdente, pessimista, solitário;Fleumático: Sonhador,
prudente, antiquado.
Carl Gustav Jung propõe um estudo de tipos psicológicos partindo dos conceitos de Introversão (o sujeito introvertido) onde o sujeito direciona sua atenção e interesses para seu mundo interno demonstrando timidez, bom poder de concentração e foco; e Extroversão (o sujeito extrovertido) a energia e atenção são voltadas para o mundo externo refletindo confiança, ousadia, facilidade de expressão.
Tipologia Myers-Briggs - Durante a segunda Guerra Mundial, Katharine Cook Briggs e Isabel Briggs Myers, sua filha, usaram como base os tipos psicológicos propostos pelo psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung e desenvolveram um método indicador e avaliador de personalidade muito utilizado ainda hoje, embora não esteja isento de críticas. A lista abaixo resume os 16 tipos de personalidade listados no método Myers-Briggs:
Arquiteto: Previdente, está sempre preparado para adversidades
Lógico: Possui grande sede de conhecimento
Comandante: Líder, ousado, resoluto
Inovador: Intelectualmente competitivo
Advogado: Calmo, místico, muito dedicado
Mediador: Altruísta, sempre voltado a causas nobres
Protagonista: Líder, inspirador, cativante, carismático
Ativista: Entusiasmado, sociável, sorridente
Logístico: Dotado de notável senso prático, confiável
Defensor: Protetor, acolhedor
Executivo: Dom para administração e gestão de bens e pessoas
Cônsul: Extremamente sociável, atencioso, popular, sempre disposto a ajudar
Virtuoso: Hábil, experiente, excepcionalmente bom em alguma disciplina
Aventureiro: Curioso, andarilho, alerta
Empreendedor: Gosta de arriscar, enérgico, vigoroso
Animador: Entusiasmado, espontâneo
Arquiteto: Previdente, está sempre preparado para adversidades
Lógico: Possui grande sede de conhecimento
Comandante: Líder, ousado, resoluto
Inovador: Intelectualmente competitivo
Advogado: Calmo, místico, muito dedicado
Mediador: Altruísta, sempre voltado a causas nobres
Protagonista: Líder, inspirador, cativante, carismático
Ativista: Entusiasmado, sociável, sorridente
Logístico: Dotado de notável senso prático, confiável
Defensor: Protetor, acolhedor
Executivo: Dom para administração e gestão de bens e pessoas
Cônsul: Extremamente sociável, atencioso, popular, sempre disposto a ajudar
Virtuoso: Hábil, experiente, excepcionalmente bom em alguma disciplina
Aventureiro: Curioso, andarilho, alerta
Empreendedor: Gosta de arriscar, enérgico, vigoroso
Animador: Entusiasmado, espontâneo
ENTREVISTA COM O PERSONAGEM
O personagem deve ser compreendido como uma pessoa, com sentimentos, preferências, gostos próprios e atitudes próprias, bem como defeitos, não apenas qualidades. Para conferir-lhe dimensão precisamos compreender seu passado e suas reações diante dos desafios que lhe são propostos. Para ordenar essas informações e ajudar a entender os aspectos psicológicos do personagens o roteirista Joe Kelly em seu Writer’s Guide to Build Comics recomenda que você saiba quais as respostas de seu personagem para as perguntas a seguir. Se você já criou um personagem, ou se é fã de algum personagem, descubra o quanto você sabe sobre ele. VEJA O BOX . Essas perguntas revelam muitas informações. Além disso algumas delas podem servir de tema para histórias inteiras.
A cada dia novos teóricos pesquisam o campo da personalidade e novos escritores bolam formas e métodos de criar personagens, o que foi listado aqui pode ter finalidades bastante práticas mas o assunto em si é inesgotável. Espero que esse conjunto de matérias o ajude na criação de seu personagem ou o instigue a ler e descobrir ainda mais coisas sobre este assunto tão interessante.
MAIS:
Alinhamentos do D&D para criação de Personagens
Alinhamentos e Tendências no D&D
Tendências
Tipos Psicológicos para Carl Gustav Jung
Teste de personalidade: Qual seria seu alinhamento num RPG?
RPG: Motivação e Personalidade
Dicas de Livros:
Manual do Roteiro, de Syd Field;
Da Criação ao Roteiro, de Doc Comparato
O Herói de Mil Faces, Joseph CampbellA Jornada do Escritor, Christopher Vogler
A Construção da Personagem, Constatin Stanislavski
Excelente artigo, JJ! Na prática, você considera que devemos combinar os arquétipos para criar personagens tridimensionais? Se usarmos apenas um deles, eles podem parecer superficiais, não acha? Gostei demais de saber das 21 perguntas sobre os personagens que podem ser feitas. Parabéns por mais este ótimo texto.
ResponderExcluirOi, Raphael. Obrigado pelos comentários e pelas perguntas também. A maioria das pessoas ignora o fato de que há uma área de comentários no blog e que podem trocar ideias com os autores neste espaço :)
ResponderExcluirRespondendo seu questionamento: Acho que combinar arquétipos pode sim resultar em personagens mais complexos e mais realistas. Mas também podemos pensar que um arquétipo (ou uma característica x ou y) pode ter um caráter "dominante" sem excluir outras características. Na prática o personagem nasce com determinadas características que vão se acentuando ou atenuando à medida em que passa por aventuras ou vivências — que podem ser HQs longas, curtas ou tiras :) Obrigadão mais uma vez pela força e pela cordialidade de sempre.
JJ, ficou bem mais claro agora o conceito de caráter dominante. Muito obrigado pela resposta. Agora, o importante é praticar e buscar a forma mais agradável para desenvolver meus personagens. Afinal, se não for divertido, não tem graça. :)
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