Numa partida de Futebol, o Juiz, auxiliado pelos
Bandeirinhas é responsável por fazer as Regras do Jogo serem cumpridas. No
mercado Editorial o Editor se encarrega de defender as regras da Editora. A
moda, as tendências mercadológicas, a opinião pública, a opinião de grupos e
nichos específicos, o patrulhamento do politicamente correto e os
patrulhamentos ideológicos, preceitos e preconceitos estão entre os elementos
aos quais o Editor precisa dar atenção antes de publicar algo. Adequar um
produto a um público específico não é uma tarefa fácil, por isso editores às
vezes são tão xingados quanto Juízes de Futebol.
Veja só o tipo de coisa que um editor precisa observar: O
nível do texto está acessível à faixa etária? A sensualidade dos/das
personagens agride ou agrada o público pretendido? O traço está em sintonia com
o gênero? O discurso do texto pode gerar polêmicas desagradáveis — ou as
polêmicas são pretendidas pela linha editorial? Esse produto editorial pode gerar
subprodutos? É possível ir além do público alvo com pequenos ajustes de texto
ou imagem? O formato gráfico está sintonia com o conteúdo? E por aí vai.
O trabalho de um Editor é regido também por prazos. Uma obra
precisa estar afinada antes de ir para a gráfica, então é necessário saber
quando parar de fazer ajustes e retoques. Editores de Arte, Revisores,
Copydesks, leitores-beta auxiliam o Editor-Chefe em suas tarefas. Mas em muitos
casos, no Brasil, o Editor ocupa todas essas funções e mais algumas. Por isso
os Editores dão preferência a escritores, artistas e autores que facilitem o
processo de edição.
Entre todas as tarefas do Editor, uma das mais fascinantes é
a de "conseglieri". Ler o material que vai ser publicado em seus
estados embrionários e servir de navegador para auxiliar o artista a dar o
melhor de si e chegar ao melhor resultados que ele puder oferecer. Quando
recebe obras fechadas o Editor fica impossibilitado de ajustar o curso e o
destino pode ser bem diferente do pretendido.
Um bom Editor conhece acima de tudo sua Linha Editorial: o
que pode ou não pode ser publicado por ele. Mas é bom lembrar que: o que é bom para uma editora pode ser ruim
para outra. E o que é ruim para uma editora pode ser bom para outra. Veja:
um artista de traço sensual, daqueles que desenham "mulher boazuda"
pode não estar em sintonia com um Editor de quadrinhos infantis, mas isso não
impede o Editor de procurar saber se tal artista possui outras facetas de
traço. Ou ainda, isto não o impede de redirecioná-lo a algum outro editor que
tenha sintonia com a linha de trabalho deste artista. Isto seria o ideal,
embora este tipo de direcionamento possa ser melhor realizado por um Agente que
por um Editor.
Normalmente o discurso do Editor é: Nós publicamos coisas no estilo X, Y e Z. Para se adequar ao
que eu publico é preciso fazer "isto" e "isto". Por falta
de tempo, tato, atenção, paciência ou outra coisa, muitas vezes o artista não
entende o que está sendo dito, ou o Editor não se faz entender completamente. Em
ambos os casos a busca de informações deveria ser mais importante que as
certezas.
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