quarta-feira, 2 de maio de 2018

Pensando Quadrinhos: O Bom, o Mau e o "muito bonito, hein?!"











Quando se escreve histórias em algum momento você acaba sendo levado a refletir sobre o que é o mal, a maldade ou que tipo de coisa define um vilão. Quais ações fazem com que um personagem seja encarado como o malvado da história? Essas ações vem de um desejo interior de prejudicar os outros ou surgem de algo maior no qual ele acredita? Certamente há milhares de explicações e perfils de vilões juntamente com uma infinidade de motivos para que alguém proceda assim, entendendo o Mal como aquilo que se opõe a virtude e prolifera prejuízo a uma ordem harmoniosa de convivência abalando-a ou trazendo ruína. Para deixar o texto com um ar didático (e até mais leve) vou arriscar uma enumeração que pode ganhar acréscimos e interpretações futuras e que certamente é apenas um ensaio superficial sobre este tema, cuja complexidade e profundidade vão muito além de uma coluna ou artigo.

01- Ele se acha o Herói
Para o vilão, o Herói é ele. Ele é quem está certo e quem se opõe está equivocado. Essa dicotomia pode gerar situações, diálogos, dramas muito curiosos. Exemplo: Dr. Doom, Darth Vader, Ozymandias, Lex Luthor.

01,5- Malvado Blasé
Ele não se importa com sua condição de vilão.
Esse tipo de classificação não dá conta de definí-lo. Distinções entre bem e mal são insuficientes para definir suas ações e sua condição.
Ex: Galactus, Thanos, Esfinge, Conde Nefária, Ra's Al Ghul

02- Malvadinho dodói
Existe também o caso do mal patológico. Tipo uma doença onde o perverso se alimenta da perversidade. Fazer o mal para esse tipo de personagem é quintessencial, o define.  Trata-se de um mal biplano, o mal pelo mal que se opõe ao bem e ponto. Não há outras camadas, não há margem para refletir sobre motivações. O personagem é mal e todas as suas ações são voltadas ao prejuízo da coletividade e se opõem enfaticamente a qualquer coisa que tenha relação com o bem comum. Exemplo: Mefisto (Marvel), Loki (versão dos Quadrinhos Marvel), Doomsday (DC Comics), Coringa (DC)


02,5- Malvado pero no mucho
O cara é da treva, mas oculta um lado positivo
que faz questão de deixar trancado no armário.
O problema de guardar coisas no armário é que uma hora elas saem. Neste ítem se enquadram também os vilões que possuem nobreza e são oponentes valorosos. Pode-se dizer que eles são o oposto dos Anti-Hérois, aqueles heróis que querem sempre bancar os mauzões, tidos como grosseirões, com barba malfeita, tapa-olho, garras, etc.
Eventualmente os vilões pero no mucho podem acabar se tornando heróis.
EX: Magneto (Marvel), Fênix Negra (Marvel), Exterminador (DC Comics), Rainha Branca (Marvel).


03- Malvado Idiota
Outro tipo de maldade vem da burrice, termo pesado, né? Ok, troquemos por ingenuidade. Aqui o imbecil se acha muito mais esperto do que realmente é. Subestima a inteligência e a percepção alheia. Podemos até dizer que este também é um caso de maldade patológica, mas está mais para burrice patológica porque muitas vezes o vilão imbecil nem é exatamente mal, mas pode ser facilmente levado a fazer o mal reagindo à influencias externas num padrão que ele julga superior. Vilões imbecis:  Dick Vigarista (Hanna-Barbera), Kylo Ren (Abramsverse Star Wars).

04- Mal Social
Expandindo um pouco os horizontes podemos pensar num mal social provocado por ações que deveriam conduzir ao bem. Uma cidade dessas imaginárias dos quadrinhos onde o super-herói resolve todos os problemas de violência urbana acaba gerando um mal social quando as pessoas e as instituições se acomodam e deixam tudo nas mãos desses herói. Neste caso o heroísmo gera uma dependência e uma estagnação na comunidade, uma quebra no fluxo de evolução social onde os movimentos das pessoas comuns (e do estado) ou a própria dialética entre ambos deveria dar combate àquilo que causa um prejuízo social.
























05- Mal Massivo
A presença do Mal normalmente provoca o surgimento de forças contrárias. Entretanto quando o poder malévolo é imensamente superior e fragiliza a oposição por meio de infinitos planos de contigência o que sobra para a sociedade é a apatia. Isto ocorre no planeta Apokolips (DC Comics) onde as forças que se opõem a Darkseid esgueiram-se nas sombras sem uma real chance de modificar o contexto em que vivem. Este tipo de Força Massiva do Mal é o que vemos, por exemplo na sociedade brasileira, onde o Estado é um instrumento para estagnação social. Os gestores do Estado no Brasil são burocratas, representantes dos empresários de Indústrias, Corporações, Latifundios, Agronegócio, etc que subsidiam candidaturas e manipulam a informação (com auxílio de profissionais de rádio e TV) a ponto de convencer a população de que existem partidos, lados, pensamentos diferentes que podem resultar em melhoria social. Alie-se a isto o fato de o poder legislativo elaborar leis que justificam e legitimam a corrupção e a impunidade. A classe política brasileira é formada principalmente por Empresários, Advogados, Jornalistas, Sacerdotes Religiosos (Pastores Evangélicos) e ou Profissionais de Rádio e TV, todas essas profissões listadas pelo Doutor Kevin Dutton entre as 10 profissões com mais psicopatas.


Talvez o próprio conceito de Bem versus Mal seja um equívoco e se apoie numa construção social arcaica, bidimensional e sem profundidade. No entanto pensar, refletir e questionar essas construções sociais podem instigar o surgimento de novos prismas e novos pensamentos. As Histórias em Quadrinhos com toda sua amplitude temática tem explorado este tema em múltiplas abordagens, nenhumas delas definitiva mas todas com a capacidade de nos instigar algum tipo de reflexão.


 









Mais:
Superinteressante: As Profissões com mais psicopatas
Dr Kevin Dutton

PENSANDO QUADRINHOS:
-Curiosidades sobre as primeiras tiras
-Lápis, Borracha, Palel e uma Ideia
-Editor e Juiz de Futebol: Profissões e Alvos

http://laboratorioespacial.blogspot.com/2018/05/dicas-de-producao.html

http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2017/12/surfista-prateado-o-heroi-filosofo-por.html


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