terça-feira, 11 de agosto de 2015

O Quarteto que nunca veremos!


Se a primeira adaptação live action do Quarteto (por Roger Corman em 1994) esbarrou em incapacidades técnicas e em uma trama simplória, a recente versão abusa dos recursos visuais e propõe um discurso mais elaborado inspirado no universo alternativo da linha ultimate. Isto pode suplantar os desafios de uma baixa bilheteria e garantir uma continuação para a franquia? Se algum executivo turrão insistir, não há dúvidas. Afinal o dinheiro é que manda. Mas este filme foi equivocado desde a gênese da história à escolha dos atores.

O fato é que o filme de Josh Trank não caiu sequer nas graças do público civil. O que está representado ali não é o Quarteto Fantástico. Essa produção é uma ofensa grosseira à memória de Jack Kirby, uma grande (e cara) piada de mau gosto. Com ou sem politica de cotas e altos custos de produção é impossível respeitar vagamente qualquer personagem ali caracterizado. Desde o trailer fica a impressão de o diretor ter dado ordens expressas à todo o elenco para fazer "cara de songa-monga".


Uma adaptação fiel de qualquer dos quadrinhos clássicos do Quarteto exigiria um ritmo de narrativa e uma intensidade de intimidar produções como Velozes e Furiosos, Vingadores e Star Wars. Uma produção séria do Quarteto Fantástico precisaria ombrear emocionalmente uma página de impacto de Jack Kirby, ou melhor uma grande série delas. Explosões, monstros gigantes, civilizações desconhecidas, entradas apoteóticas, música épica, criaturas de medonhos poderes e inimigos de enorme ganância. Não dá pra excluir o tom de "megalomania" de uma produção cinematográfica com o Quarteto Fantástico. Isso não deveria ser um filme indie intimista depressivo, deveria ser um marco épico na vida de qualquer espectador (civil ou nerd). Algo pra sair do filme com o coração cheio de emoção e a mente povoada de sonhos e imagens com aquele tipo de beleza que chega a doer os olhos. O mínimo que se espera de um filme do Quarteto é que seja SUPERLATIVO!

Esses personagens precisam ser tratados como uma obra de Shakespeare (com fidelidade e respeito) pois sua emoção e suas vivências podem muito facilmente se perder na transposição como tem ocorrido até aqui. O filme que nós fans queremos precisa ir MUITO ALÉM daquelas medíocres produções dirigidas por Tim Story em 2005 e 2007. Não importa que digam por aí que os fans não entendem de produção — quem entende de cinema não conseguiu ainda alcançar nem 1% do que Jack Kirby conseguiu com uma de suas páginas duplas. São mídias distintas, eu sei, mas estou falando de transpor a energia do conjunto.


Levando em conta o fato de que o cinema é gerido por empresários que são escravos de números, contratos, modismos e políticas de cotas é fácil afirmar que nunca veremos o Quarteto criado por Lee e Kirby numa adaptação cinematográfica que faça jus aos épicos que estão lá nos quadrinhos! Mesmo assim, torço para que os direitos revertam para o Marvel Studios e que eu queime a língua. Seria uma felicidade muito grande estar errado :)
 
Veja mais em:
QUATRO RAZÕES PELAS QUAIS ESSE QUARTETO É FANTÁSTICO!

UniversoHQ - Diretor e Estúdio tentam explicar o Fiasco de Quarteto Fantástico

5 comentários:

  1. Obrigado pelo texto, mestre Marreiro, me senti representado.

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  2. Dificil fazer o povo entendr algo tão simples.

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  3. Seria bom ver algo bom do 4. E olha que não é muito difícil fazer, mas acredito que gastaram todas as balas. Precisa esfriar pelo menos uns 7 anos pra fazer outro! http://submundomamao.tumblr.com/post/126396479419

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  4. Um Quarteto bacana poderia ser um filme escrito, produzido e dirigido por Brad Bird.
    Peraí... ele fez Os Incríveis! Hehe!! Então, trocasse o Bird pelo Bruce Timm, que ficaria massa. Mas aí, só se fosse animação pra DVD/blu-ray, né? ;)

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  5. Concordo em gênero número e grau com o artigo. Engraçado q o Quarteto tem tantos arcos maravilhosos e os personagens são os mais dramáticos do universo Marvel... Droga eles são uma família! Quer melhor forma de jogar conflitos na tela do que com uma família. Eu meio q me contento com os dois anteriores na falta de algo melhor, mas certamente uma produção mais caprichada e que respeitasse o ethos dos personagens como a Marvel tem feito me faria me sentir bem melhor.

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