O personagem Buck Rogers, surgido em 1928, é considerado o primeiro herói espacial dos gibis. Originário do romance pulp Armaggedon 2419 A.D. de Philip Francis Nowlan, chegou aos quadrinhos em 1929, com arte de Dick Calkins, inspirando vários autores a enveredar no tema da ficção científica.
A exposição
direta a um estranho gás, leva o oficial da força aérea Antony “Buck” Rogers a um sono de 500 anos. Ao despertar, encontra a
Terra devastado e dominado por alienígenas, iniciando assim sua missão de
libertar o planeta. A série tinha um tom de aventura em meio a exóticas
interpretações do ambiente futurista-espacial. O herói ganhou ainda mais notoriedade
através de seriados de tv e cinema e várias versões em quadrinhos, incluindo
uma elogiada fase na editora Dynamite.
Flash Gordon, criado pelo traço realista de Alex Raymond para distribuição pela King Features em 1934, vivia aventuras folhetinescas em grandes páginas dominicais. Com o formato maior da página dominical era possível explorar cenários, texturas e grandes figuras, elementos que Raymond dominava muito bem. Dan Berry, Al Williamson e Jim Keefe também produziram sequencias marcantes de hqs e tiras para o herói.
O astro dos esportes Flash Gordon viajava por terras inóspitas enfrentando desafios diversos para evitar catástrofes provocadas por seus inimigos do planeta Mongo. O Reino de Frígia, Arbórea, o Reino das Cavernas são alguns ambientes de Mongo explorados ao longo das aventuras que nos quadrinhos foram ampliadas e revisitadas. Além de seus companheiros constantes de viagem nos quadrinhos, Flash ganhou muitos outros coadjuvantes e suas histórias conseguiram quebrar o padrão estabelecido pelas tiras sem perder o encanto.
Dos anos de 1930s a 1950s, revistas como Adventures into the Unknown, Planet Comics, Weird-Science e outras notabilizaram as aventuras espaciais e estreitaram sua relação com o terror. A quantidade de personagens no gênero proliferou ao ponto do incontável.
Nos quadrinhos dos anos 60-70, a futurâmica espacial trouxe aos leitores personagens como Adam Strange (Joe Cometa no Brasil), Rip Hunter…Time Master. Magnus, Robot Fighter. Personagens de Edgar Rice Burroughs como John Carter de Marte e Carson de Venus foram quadrinizados e apareceram em publicações próprias ou como hqs complementares nas revistas Tarzan e Korak da DC Comics.
No Brasil, 1949, Ziraldo publica, na revista Sezinho, os heróis espaciais Teleco e Tim e na revista Era uma Vez. Gedeone Malagola criou uma série de personagens no gênero. Capitão Astral, Capitão Jupiter, Eletra, Steve Kirby, Radite e Jony Ciclone.
O Astronauta (de Maurício de Sousa) criado em 1975, com o traço cartum típico de seu autor, é um explorador espacial, o que exige uma coragem heroica. A serviço da BRASA (Brasileiros Astronautas) o personagem sempre teve um tom bem humorado, chegando a encontrar personagens parodiados de outras manifestações famosas da Ficção Científica da TV, cinema e gibis. Ainda que haja uma proximidade com a aventura, as histórias do Astronauta muitas vezes adquirem um tom filosófico digno das melhores obras da ficção, como no episódio em que o Astronauta encontra a namorada perfeita e, no fim, descobre tratar-se de uma garota-robô.
Kenton of the Star Patrol, Space Rangers, Rex Clive and The Space Officers, John Hunter of the Marsmen, Rod Hathway, Space Detective, The planetary Adventures of Flint Baker, Captain Science e tantos outros povoaram a imaginação dos leitores de quadrinhos numa época em que o cenário era muito mais rico e democrático.
A Europa e o Japão possivelmente nos forneceriam mais umas boas dezenas de personagens do gênero nos Fumettis, Band Desinès ou Mangás. Da Sergio Bonelli Editori na Itália vem Nathan Never, Legs Weaver, Gregory Hunter e Brad Barron, a Alemanha tem em Perry Rhodan seu mais famoso e longevo homem do espaço—protagonista da mais longa série literária de Ficção Científica do mundo; o espanhol Rocco Vargas traz um apelo e charme latinos ao gênero, enquanto Dan Dare trás um refinamento britânico. Nos mangás (e nos animes) o famoso Goku em Dragon Ball GT viaja pela galáxia em busca das Esferas do Dragão; Capitão Harlock e Patrulha Estelar (Uchu Senkan Yamato) também envolvem viagens espaciais em tramas mais complexas e refinadas. National Kid, Robô Gigante (Jaspion, Ultraman, Spectreman , os três espaciais (W3, Wonder 3 ou Wanda Suri) de Osamu Tezuca, o superomem do Espaço (Yusei Kamen), Space Dandee, Macross, Príncipe Planeta (Yusei Shonen Papi ), Ás do espaço, todos esses, antigos ou novos, e mais alguns injustamente esquecidos ou por não caberem na lista, tem um pé na ficção científica e fortes influencias do gênero Heróis Espaciais.
O gênero ‘Heróis Espaciais’ ou ‘Heróis Sci-Fi’ fez história e, adaptando-se aos novos tempos e a novas linguagens, não desapareceu completamente das Histórias em Quadrinhos. Aliás, dada a facilidade que os recursos tecnológicos oferecem, invadiu o cinema e a tv que tem enveredado pelas trilhas do espaço desconhecido em produções cada vez mais requintadas. De tudo isso pode-se depreender que tanto na ficção quanto na realidade a história do homem no espaço (e dos Heróis Espaciais) está apenas começando.
MAIS:
Buck Rogers History and Evolution
Buck Rogers serial 1939 (com Buster Crabbe)
Flash Gordon serial 1936 (com Buster Crabbe)
Planet Comics (wikipedia)
Planet Comics (wikipedia em português)
Planet Comics para ler (em inglês)
Sci-Fi Comic Books (Comic Book Plus)
Out of this World (Comic Book Plus)
Strange Worlds (Comic Book Plus)
Space Action
Capitain Zoom
Rock Vanguard
Heróis Sci-Fi em domínio público
Água e heróis espaciais em Marte
Quadripop: Desenhos animados do Gênero Sword & Planet Parte I
Quadripop: Desenhos animados do Gênero Sword & Planet Parte II
Quadripop: Ficção CIentífica nas primeiras revistas em quadrinhos brasileiras
Quadripop: Homem-Foguete, uma visita aos Heróis voadores pulps
Alex Raymond e as Origens da Space Opera (por Rochett Tavares no Cyber Aeon)