quinta-feira, 26 de abril de 2018

Laboratório Entrevista: Leonardo Santana


















Leonardo Santana é roteirista e editor de quadrinhos Pernambucano desde 2003. Em 2005, ganhou seu primeiro prêmio: o 3º Prêmio DB Artes Independentes de Melhor Roteirista. Colaborou com diversas revistas e fanzines como Areia Hostil, QI, FRONT, Prismarte, Clássicos Revisitados, Histórias d’O Recife Assombrado e muitas outras. Também recebeu o prêmio de melhor Roteirista nos anos de 2006, 2007 e 2008 e de melhor hq no ano de 2007 pela revista PRISMARTE. Ainda em 2007, recebeu o troféu de Melhor Roteirista no 1º Troféu Alfaitaria de Fanzines. Em 2012, ganhou o prêmio de Melhor Roteirista e de Melhor hq com a hq Abraços por R$ 0,50 na 12º Feira de Hq. 

Em outubro de 2017 lançou a adaptação da obra FAUSTO, UMA TRAGÉDIA, de Goethe, para os quadrinhos pela editora Peirópolis. Logo em seguida, a edição ganhou  selo Cátedra 10 UNESCO/PUC-RIO, prêmio que “indica obras com valor literário, plástico e editorial, considerando temas e gêneros diversos, sem designação por categorias ou faixas etárias, mas atenta, sobretudo, à qualidade artística do diálogo texto/imagem, que torna o livro infantil e juvenil um artefato original indispensável para arte-educação”

Atualmente Leonardo está está produzindo os projetos PERNAMBUCO HOLANDÊS, mostrando a invasão holandesa a Pernambuco em 1630 e DIÁRIOS ITALIANOS, o Brasil na Segunda Guerra Mundial. Mas o papo hoje é centrado na saga Pós-Apocalíptica das Novas Amazonas. Acompanhem o bate-papo conduzido por nosso editor JJ Marreiro:



01) Leonardo Santana como você descobriu as Histórias em quadrinhos e o que o estimulou a ser escritor? 
Comecei a ler quadrinhos com as revistinhas de super-heróis da RGE e, posteriormente, da Abril, no final dos anos 70 e início dos 80. Como muitos leitores, tentei enveredar pelo caminho dos desenhos, mas a vida adulta acabou me afastando de tudo. Como o chamado para a arte é maior do que a própria vida, acabei voltando para os quadrinhos no início dos anos 2000. Pretendia continuar de onde parei com os desenhos, mas acabei descobrindo na escrita a minha verdadeira vocação e paixão.



















02) Qual o tipo de história que você mais gosta de ler? 
Gosto de histórias de aventura, com bastante drama e tensão. O melhor exemplo disto que estou falando eu encontrei em Ken Parker. Um dos melhores quadrinhos que li até hoje.



03) Existem escritores que são referências para quem conhece quadrinhos. Quais deles estão entre seus favoritos e quais características desses autores você acha mais notáveis? 
Giancarlo Berardi por saber contar histórias com personagens bastante humanos.
Alan Moore por ser um verdadeiro artesão na arte de escrever roteiros para quadrinhos.
Mark Millar por saber contar histórias que são, ao mesmo tempo, bem escritas e bastante descoladas.



04) O que você acha que uma boa história precisa ter? 
Bons personagens, uma boa trama e um desenvolvimento natural.

















05) Como surgiram as Novas Amazonas? 
Surgiram da minha vontade de escrever uma história de aventura nos mesmos moldes das que eu costumava ler nas revistas Heavy Metal e Aventura e Ficção, mas quando eu fui escrever de fato, o conteúdo acabou se destacando mais do que a ação. Eu percebi que, apesar de se passar no futuro e num Brasil devastado, muitos dos temas abordados ainda eram muito atuais (Como a luta da mulher numa sociedade dominada pelos homens e pelo machismo, a ecologia e o cuidado pelo planeta e muito mais).



06) Numa construção narrativa faz-se uso de vários recursos para  promover familiaridade e dimensionamento de personagens. Como os estereótipos e arquétipos estão inseridos no seu trabalho especificamente falando das Novas Amazonas?
É difícil para mim analisar os estereótipos pois vejo cada uma das sete amazonas como pessoas distintas com desejos e direcionamentos muitas vezes distintos entre elas próprias. Nem mesmo entre elas existe uma convergência de pensamentos em como lidar com os problemas que se apresentam para elas todos os dias. Tudo o que eu espero é ter tempo de contar tantas histórias que me permitam mostrar essa complexidade das personagens no decorrer do tempo. Os arquétipos são mais fáceis de se identificar por que são mais universais e atemporais, mas prefiro deixar a diversão de identificá-los para o leitor.

















07) As Amazonas acabaram em alta dado o sucesso da nova Mulher-Maravilha do cinema. O que são de fato as Amazonas e como esse "mito" acabou se afinando com o universo pós-apocalíptico mostrado em seus quadrinhos?
Com o fim do mundo, a cultura e a educação foram quase que completamente perdidas. Poucas são as pessoas que ainda sabem ler e Zoe, das Novas Amazonas, é uma dessas pessoas. E foi ela quem chamou a atenção das companheiras sobre um livro que falava a respeito de uma mítica civilização composta somente de mulheres guerreiras que se chamavam Amazonas. Reconhecendo-se como iguais, este grupo de mulheres passaram a se autodenominar as Novas Amazonas.



08) Se você pegasse um elevador (a 3 andares do térreo) com um leitor e tivesse que convencê-lo a financiar seu projeto no Catarse o que vc diria a ele? 
Tem muito quadrinho nacional que não fica nada a dever para os quadrinhos de qualquer lugar do mundo e as novas Amazonas é um destes quadrinhos. Tem aventura, histórias legais e desenhos espetaculares! E somente com o seu apoio, comprando, criticando e compartilhando, é que vamos poder continuar produzindo este tipo de quadrinho. Conheça o nosso projeto em catarse.me/novasamazonas e nos ajude escolhendo uma das recompensas disponíveis.



09) Leonardo Santana, obrigado pelo papo! Muita sorte com as Novas Amazonas e com todos os seus novos e futuros projetos. 
Eu que agradeço, JJ! Existe uma dificuldade muito grande de encontrar novos leitores e espaço cedido aqui por você é de uma importância enorme para produtores independentes como eu.

MAIS:
AS NOVAS AMAZONAS NO CATARSE
Entrevista com Leonardo Santana no Santuário
As Novas Amazonas no Social Comics
As Novas Amazonas no Universo HQ
Fausto em Quadrinhos (Ed Peirópolis)
As Novas Amazonas - Facebook


domingo, 22 de abril de 2018

O escritor e pesquisador Gonçalo Silva Junior em visita a Fortaleza!



Uma palestra, um seminário ou mesmo um bate-papo com Gonçalo Junior trazem junto uma viagem pela cultura e pela história do Brasil e do Mundo, sem proselitismo, sem exaltações ideológicas, sem preconceitos. Toda a carga de informações, algumas de extrema precisão com dia, mês, ano e contextualização, permeiam seu discurso de maneira leve e instigante, do mesmo modo que sua produção textual, igualmente rica em informação, clareza e ludicidade.

Em abril de 2018, a Secretaria de Cultura de Fortaleza por meio do Diretor da Gibiteca Municipal, Eduardo Silva Pereira, trouxe o autor à cidade para um círculo de palestras. Conhecido como um dos maiores pesquisadores brasileiros notadamente nas áreas de cinema, imprensa, quadrinhos e música, Gonçalo ministrou palestras na gibiteca de Fortaleza no dia 25 de abril, no auditório do curso de História (Universidade Federal do Ceará) no dia 24 e no evento Pop Retrô do Shopping Jóquei no dia 26, sempre com um momento para bate-papo, autógrafos e para lançar seu mais recente livro José Luis Salinas - Visionário dos Quadrinhos, publicado pela Editora Noir (Pronuncia-se No Ar).






















Reconhecido pelas biografias que tem produzido (E Benício criou a Mulher, Alceu Penna e as Garotas do Brasil, Versão brasileira Herbert Richers entre outras) possui ele mesmo, Gonçalo, uma curiosa biografia. Tendo testemunhado e tangenciado importantes momentos da história do Brasil. Com formação em Jornalismo e Direito, o autor do livro Guerra dos Gibis ressaltou, em depoimento ao Laboratório Espacial, a importância da Fonte para o trabalho jornalístico e de um contato olho-no-olho com esta. "Nada substitui o contato com a fonte", afirmou. Para o escritor ao mesmo tempo que as novas tecnologias facilitam o labor com a informação, podem fragilizá-la em termos de qualidade. Gonçalo falou também que há diferenças entre os jornalistas de cada geração mas que as novas tecnologias puseram todos diante de um cenário mercadológico nunca antes visto. No tangente às "Fake news" que provocam tanta repercussão o jornalista e escritor sugere desconfiança e sempre a busca e valorização do jornalismo sério.

Notadamente na palestra da Gibiteca de Fortaleza foi sentida a ausência dos estudantes de arte sequencial, literatura, comunicação e design dos cursos da cidade, um público que faz aulas, estuda e muitas vezes paga para ter acesso a informação e treinamento na área e que tem estado "alheio" ao excelente nível de palestras promovidas no rico espaço da Gibiteca. Chega a ser uma irresponsabilidade por parte dos estudantes da linguagem de quadrinhos ausentar-se de uma Master Class como é uma palestra de Gonçalo Junior.

Durante sua passagem pela cidade Gonçalo Jr visitou o sebo de discos do Seu Agustinho (no centro) e a loja Revistas & Cia (na Pontes Vieira) dois ambientes aqui da terra de José de Alencar riquíssimos em conteúdo para qualquer pesquisador na área da música e dos quadrinhos.
















José Luís Salinas - Visionário dos Quadrinhos, o livro recém lançado de Gonçalo Junior chega por meio de sua própria casa editorial a Editora Noir ( Editoranoir.com.br ) que tem no catálogo outras produções do próprio Gonçalo e de outros autores. Destaque nosso para a Biografia de Jack Kirby produzida por Roberto Guedes um dos editores/jornalistas mais famosos do fandom de quadrinhos; e Música e Boemia, a autobiografia perdida de Catulo da Paixão Cearense, um dos pais da canção caipira, autor de 'Luar do Sertão' e 'Caboca di Caxangá'. Catulo é um dos pouco conhecidos baluartes da cultura popular brasileira, importantíssimo para o cordel, literatura e música.

















Marcada pela irreverência dos temas e pelo refinado acabamento gráfico, a jovem (2017) Editora Noir mostra-se um achado no meio de um mercado editorial tão viciado, careta e engessado. Gonçalo, que tem já alguns novos projetos prontos para serem lançados diz que pretende continuar produzindo material para outras editoras além da NOIR mostrando o quão intensa é sua relação com a pesquisa e produção literária. Quem ainda não conhece o texto vívido e magnético de Gonçalo Junior pode aproveitar o lançamento desta biografia de José Salinas para tal. Outras obras do autor podem ser encontradas no site da Editora NOIR ou nas melhores "casas do ramo". Diferente de muitos escritores-pesquisadores, Gonçalo produz um texto informativo, culto e ao mesmo tempo amigável sem batentes de leitura e sem pedantismos acadêmicos. Diante de produções assim fica difícil largar o livro antes de chegar na última página.

https://www.editoranoir.com/visionario-dos-quadrinhos


MAIS:
Editora NOIR
Como escrever Biografias - Entrevista no programa Em Contexto (Apresentação de Edson Rossatto)
Gonçalo Junior (wikipedia)

https://www.editoranoir.com/
http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2017/12/galep-100-anos-do-criador-grafico-de-tex.html

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Portal Mystère — A casa de Martin Mystère no Brasil

















Martin Mystère, O Detetive do Impossível é um personagem da Editora italiana Bonelli que faz uso de suas habilidades investigativas para desvendar mistérios e combater ameaças de teor sobrenatural científicos e históricos. Publicado espaçadamente no Brasil o herói tem neste portal um ambiente rico em informações e compartilhamento de arquivos para seus fãs e apreciadores.


Para aprimorar os serviços do portal com servidor para armazenamento de arquivos e outros custos operacionais o Portal conta com um projeto no Apoia.se. Por meio deste projeto é possível fazer doações regulares e ajudar a manter o bom andamento do site. 















Além de artigos, matérias, pesquisas e entrevistas o Portal possui uma publicação em formato PDF e CBR (e uma tiragem especial impressa) chamada revista Fumetti. A revista possui colaboradores de peso como o escritor, roteirista e quadrinhista Wilson Vieira.

O universo dos quadrinhos Bonellianos é bem mais amplo do que as bancas brasileiras tem sido capazes de mostrar, daí a importância de espaços como o Portal Mystère, que oferece aos fãs toda uma gama de informações que dimensionam muito bem o material produzido pela Bonelli Editore.


https://apoia.se/portalmystere
MAIS:
Portal Martin Mystère
APOIA.se Portal Martin Mystère 
GALEP: 100 anos do criador gráfico de TEX
Tex: EM PONTO DE BALA!
Quadrinhos e Velho Oeste




http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2017/12/galep-100-anos-do-criador-grafico-de-tex.html

'Obsessões' de Selder P Silveira é um dos vencedores do 7º Concurso SCIFI LP













Conto de Selder P Silveira com capa de JJ Marreiro é um dos vencedores do 7º Concurso literário do perfil SCIFI LP da plataforma whattpad

A plataforma Wattpad é uma rede social destinada a escritores e aspirantes que buscam novas formas de compartilhar seus escritos. A plataforma possui milhões de possiblilidades literárias com todo tipo de gênero e tema. Um dos mais famosos perfis da plataforma o perfil SCIFILP promove um concurso dentro do tema Sci-fi e foi nesta sétima edição que o conto de Selder P Silveira foi um dos vencedores.

https://www.wattpad.com/story/141453653-obsess%C3%B5es

Aqui você clica para ler o conto cuja capa foi produzida pelo Editor do Laboratório Espacial o Ilustrador e Quadrinhista JJ Marreiro. Confira abaixo todos os vencedores com os devidos links para leitura gratuita online.

VENCEDORES Concurso #7SCIFILP

1. Detrás do Véu - De PietroSchumz
https://www.wattpad.com/story/141055762-detr%C3%A1s-do-v%C3%A9u

2. Khronos - By LeonardoRamos25
https://www.wattpad.com/story/137843988-khronos

3. Obsessões – By SelderSilveira
https://www.wattpad.com/story/141453653-obsess%C3%B5es

Menções Honrosas:

1. Sombra de Si Mesmo - By AnselmoSilva806
https://www.wattpad.com/story/137431693-sombra-de-si-mesmo

2. Tempo Incurável - By EMNunper
https://www.wattpad.com/story/139783214-tempo-incur%C3%A1vel-completo

3. Manuscrito de um Viajante no Tempo - By Waldryano
https://www.wattpad.com/story/138783778-manuscrito-de-um-viajante-do-tempo



MAIS:
E-Books de Selder P. Silveira na Amazon
Projeto AMX (Selder P. Silveira)
A Gota (Selder P. Silveira)
Próxima Fase (Selder P. Silveira)
A Nuvem (Selder P. Silveira)

sábado, 7 de abril de 2018

Antes do Pantera Negra



Nos anos de 1930, assim como as ondas do rádio, as tiras de jornal levavam aos lares as mais variadas narrativas ficcionais. Tiradas humorísticas com família e crianças, investigações policiais, westerns, ficção científica e aventuras fantásticas eram os contextos mais atrativos para os leitores. Neste cenário surgiu Mandrake (criação de Lee Falk e Phill Davis), um elegante mágico capaz de feitos incríveis (raramente explicados). E na tira de quadrinhos de Mandrake (distribuída pelo King Features Syndicate) o mundo foi apresentado a seu incrível parceiro: Lothar, descrito diversas vezes como "o homem mais forte do mundo". Este incrível parceiro do mago levantava Elefantes com uma só mão por pura diversão. Lothar ao lado de Mandrake enfrentou desafios dignos dos super-heróis, antes do termo "super-herói" sequer existir. No telefilme de 1954 o excelente ator Woody Strode deu vida ao personagem materializando seu incrível porte e elegância.



Nos anos de 1940 surgiu All-Negro Comics. Uma revista em quadrinhos produzida e editada por autores afro-americanos. Um dos personagens desta publicação poderia ser considerado precursor do Pantera Negra (1966) um herói que embora sem um traje especial era chamado de Homem-Leão.

Em 1965, estreia pela Dell Comics o que talvez seja o primeiro título de um Herói Negro em quadrinhos: Lobo. Exceto pela sua origem afro-descentente Lobo não tinha nada diferente da maioria dos mocinhos de western. Exímio atirador, cavaleiro e lutador, o herói estava sempre disposto a reparar uma injustiça usando suas diversas habilidades entre as quais a sagacidade.

Certamente há uma infinidade de heróis negros que precisam ser descobertos e listados. A recém adquirida fama internacional do Pantera Negra da Marvel (criação de Jack Kirby e Stan Lee) de certo modo é um estímulo para os leitores começarem a buscar  e valorizar também esses outros personagens.




Links:
Lothar - Mandrake Wiki 
Lothar (Museum of Uncut Funk)
Mandrake
Mandrake, TV Movie 1954 
First Black Super-Hero
All-Negro Comics
Lobo - Cowboy
Lobo (wikipedia)
Lobo (to read)
Abar, The Black Superman
Black Panther (Comic Book Character)
Black Panther (at Marvel.com) 











http://laboratorioespacial.blogspot.com.br/p/quadrinhos.html

 
http://laboratorioespacial.blogspot.com/2017/05/jack-kirby-100-anos.html

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Entrevista COMBO com Daniel Brandão



Daniel Brandão é Ilustrador, Quadrinhista, Jornalista, Arte-Educador, Empresário e Professor entre outras coisas. Com trabalhos publicados em pelo menos três continentes, participação em várias importantes coletâneas de quadrinhos nacionais (e organizador de algumas delas) o ativo produtor tem ajudado a formar desenhistas, ilustradores e contadores de história desde os anos 90. A entrevista a seguir inaugura um formato especial de entrevistas aqui no Laboratório Espacial. Duas entrevistas em uma a primeira conduzida por nosso enviado especial Jackson Jacko Silva e a segunda conduzida em áudio por este editor que vos escreve. Uma entrevista COMBO com um dos mais notáveis autores de quadrinhos do Ceará (E do Brasil).

—Como foi o começo de Daniel Brandão nos quadrinhos? Quando se deu o “bum” para deixar de lado a faculdade de Direito para se dedicar a quadrinhos?
Comecei a ler e gostar de quadrinhos muito cedo, ainda criança. Mais ou menos na mesma época desenvolvi meu gosto pelo desenho. Aos 9 anos, um amigo de condomínio me apresentou a Superaventuras Marvel e eu pirei com aquilo! Foi aí que passei a querer fazer quadrinhos. Tentava copiar todos aqueles mestres e criei meus primeiros personagens. Tudo com lápis, papel dobrado, uma esferográfica e lápis de cor.
Durante minha adolescência resolvi trilhar um caminho mais “tradicional” e fiz vestibular para Direito. Estava cursando o primeiro ano quando descobri a Oficina de Quadrinhos da UFC. Estava muito triste na faculdade e a Oficina me apresentou uma alternativa muito mais sedutora: trabalhar com quadrinhos. Ajudou muito o fato de eu ter conhecido outras pessoas com este mesmo sonho. Foi aí que eu decidi mudar meu caminho e tomar o rumo dos quadrinhos de maneira mais séria.

—Qual foi a maior dificuldade encontrada após a Oficina de Quadrinhos para seguir adiante com a ideia de produzir quadrinhos?
Acredito que me convencer de que fazer quadrinhos poderia mesmo ser um ofício já foi uma dificuldade. Porém convencer outras pessoas próximas foi um desafio maior ainda. Quero deixar claro que sempre tive apoio dos meus pais e da minha esposa Juliana, mas é claro que existia o medo. Decidir trabalhar com quadrinhos nos anos de 95/96 era um mergulho no escuro. Isso deu muito medo. Mas eu mergulhei. Tive essa coragem porque minha família me oferecia sempre um porto seguro.

—Onde entram nessa história, os outros dois membros dos “Impossíveis”, JJ Marreiro e Geraldo Borges. Como começou a amizade entre vocês? De quem foi a culpa? (risos)
O primeiro que conheci foi o JJ Marreiro na Oficina de Quadrinhos. Ele já era veterano lá, já publicava fanzines com o Zohrn e com a Guida Bismark. Ele chegou a me dar aula por lá. Sempre foi um cara muito carismático e gente boa. Um cara genial cheio de energia.
Pouco tempo depois, JJ e eu nos matriculamos no curso de quadrinhos do Al Rio. Entre uma turma e outra, cruzávamos com o Geraldo Borges. Outro cara espetacular que tinha um traço incrível. A energia dele sempre foi muito boa e logo surgiu empatia e muitas afinidades.
Eu nunca fui um exemplo de ser sociável. Era tímido e não fazia amizade com facilidade. O JJ foi o verdadeiro “culpado” da nossa amizade. Começamos a marcar uns encontros na casa do Jota para desenharmos. Era muito divertido.
Até que um dia eu conheci o Mino, ele abriu as portas para que eu trabalhasse com ele fazendo o Capitão Rapadura e me pediu para formar uma equipe. Lógico que eu chamei de cara o JJ e o Geraldo e o resto é história... em quadrinhos! Hehehe!

 —A história da sua carreira se confunde um pouco com a história do Manicomics, já que um personagem seu que frequentou o fanzine, o Noite, foi criado ainda na Oficina de Quadrinhos, vem a próxima pergunta: Como surgiu o Manicomics? De quem foi ou como surgiu a ideia?
Não lembro tão bem dos fatos tanto quanto o JJ lembra, por exemplo. Por isso, vou contar minha versão... Acho que a ideia foi do JJ e surgiu de uma inquietação. A minha turma recém-chegada à Oficina de Quadrinhos tinha muita influência pop e de quadrinhos de super-heróis. A Oficina trabalhava com uma filosofia de quadrinho mais conceitual, autoral, com influências europeias e com a valorização da cultura regional. Hoje eu acho que eles estavam certíssimos. Mas nós – jovens - ficamos inquietos com isso e resolvemos criar nosso próprio espaço para publicarmos nossos quadrinhos do jeito que queríamos. A solução foi pensarmos em um fanzine. Lembro que a primeira reunião da turma foi na minha casa e tinha umas 13 pessoas (JJ e Geraldo entre elas). Neste dia, o nome foi criado e metas foram traçadas. No final das contas, 10 caíram fora e apenas JJ, Geraldo e eu seguimos. Logo agregamos os primeiros colaboradores. No caso, Eduardo Ferreira e Valdijunio Rodrigues. Assim, em 1996, lançamos o número zero com uma capa em homenagem ao John Byrne.

http://manicomicsblog.blogspot.com.br/2016/02/comecamos-do-zero.html

—Qual a sensação de ganhar um HQ Mix? Na verdade 3, não é?
Eu lembro da emoção até hoje. Algo inexplicável. Acho que logo no primeiro recebemos uma ligação do Sidney Gusman dando a notícia. Não sabia se chorava ou se gritava... hehehe! Uma das coisas mais legais foi a honra de fazer parte de um grupo tão especial. Sempre me senti um aprendiz junto ao JJ, Geraldo, Valdir, Denilson, Cristiano Lopez, Jean Okada, Falex, Lene, e tantos outros. Olhava para o trabalho desses caras e os admirava profundamente. Ainda os admiro. São pessoas que me dão vontade de desenhar, estudar e evoluir. Sou muito grato a todos eles. Nunca senti que o HQ Mix foi uma conquista minha. Sempre senti que o HQ Mix foi uma conquista nossa!
Quero crer também que os prêmios acabaram ajudando outras pessoas. Outros quadrinistas podiam olhar para o Manicomics e pensar: também posso fazer meu próprio quadrinho. Espero que isso tenha realmente inspirado alguém. Isso para mim dá muito sentido a tudo que fizemos com o Manicomics.


—Qual foi a maior felicidade, e a maior decepção com o Manicomics?
A minha maior felicidade com o Manicomics foi ter feito tantos amigos e ter tido a chance de aprender tanto com todos eles.
Não lembro de nenhuma decepção com o zine. Nem o fim dele me entristeceu. Tudo aconteceu como tinha que acontecer.



—E como foi estudar na Kubert School? Qual o processo pelo qual passou para conseguir estudar la?
Em 1995 ou 96 eu vi um anúncio da Joe Kubert School em uma Wizard importada e falei para mim mesmo: “um dia eu vou estudar nessa escola!” Trabalhei 5 anos para isso. Contei com as ajudas fundamentais dos meus pais, da minha esposa e dos meus amigos e colegas de profissão. Em 1998 tive a chance de ir aos EUA, conheci a escola, passei por uma entrevista e uma análise de portfólio. Eles me avisaram que este aval que recebi tinha a validade de dois anos. Ou seja, esse era o tempo que eu tinha para conseguir o dinheiro para me matricular na escola. Meu pai me ajudou muito, trabalhei muito e vendi muitas coisas. Até que em 2000 eu casei, consegui a grana, paguei a escola e fui com minha esposa para lá.
Estudar na Joe Kubert School foi a realização de um sonho e um ponto de virada na minha carreira. Aprendi demais. Estudei e me dediquei muito. Minha esposa e eu passamos alguns momentos duros, mas superamos tudo. Foi tudo muito positivo e colho frutos desta época até hoje. Foi na Joe Kubert que começou a minha carreira internacional como desenhista assistente da revista Azrael (DC Comics). Fui escolhido o melhor aluno do primeiro ano pela Dark Horse. E fiz alguns trabalhos importantes aqui para o Brasil via internet. Muitas portas se abriram e acho que aproveitei as oportunidades. Sempre me esforçando muito.


—E sobre sua carreira internacional: Como foi essa experiência de produzir para grandes editoras? E quais as principais, que lhe trazem as melhores lembranças poderia citar?
Comecei como desenhista assistente do Sérgio Cariello na revista Azrael da DC Comics. Nesta época, comecei a fazer testes e tudo foi correndo bem. Quando tive que voltar ao Brasil, por conta do atentado às Torres Gêmeas de Nova York, passei um tempo com um sentimento nacionalista e me dediquei muito ao quadrinho nacional. Em meados de 2003 voltei minhas forças novamente para o mercado americano e trabalhei muito até 2007. Fiz parte das três maiores agências na época: Art&Comics, Glass House Graphics e Impacto Quadrinhos. Neste período fiz muitas coisas para editoras pequenas, mas consegui fazer um trabalho de capa e uma HQ para a Dark Horse, coleções de cards para a Marvel, DC e Lucas Film.
Eu me orgulho muito de ter publicado no Brasil, nos EUA, em Portugal, na Itália, no Egito e na Índia. Fui bem mais longe do que já tinha pensado um dia chegar...

—E como surgiu a ideia do Estúdio Daniel Brandão?
Foi quando voltei dos Estados Unidos no finalzinho de 2001. Estava muito empolgado para retomar os trabalhos que eu fazia na época da Graph it (estúdio que dividi com o JJ e o Geraldo). Também estava muito ansioso para dividir minha experiência americana com todo mundo daqui. Por isso, o Estúdio Daniel Brandão abriu oficialmente no início de 2002 com cursos renovados (muito inspirados nos ensinamentos da Joe Kubert School). Logo retomei o Manicomics e outros trabalhos de quadrinhos comerciais e ilustrações.
Desde a sua abertura, o Estúdio foi pensado como um espaço para oportunizar o encontro de artistas e a produção de quadrinhos e desenhos em geral. Por isso, muita gente boa passou por aqui e hoje tenho a felicidade de trabalhar com um grupo maravilhoso. É um privilégio dividir o mesmo espaço com pessoas como Blenda Furtado, Rodrigo Mendez, Luís Carlos, Marcus Rosado, Julia Pinto, Juliana Rabelo, Nathália Garcia, Lucas Pascoal, Heron, Jonathan Lima, Mano Araújo... Aprendo demais com estes artistas. É uma honra tê-los como amigos. Este é meu maior orgulho!

—Quais foram suas principais influências nesses 20 anos de carreira?
Tive e tenho muitas influências de grandes mestres dos quadrinhos como Will Eisner, Bill Watterson, Joe Kubert, Flávio Colin, dentre outros. Consumo muitos quadrinhos até hoje e tento aprender com os grandes artistas. Fico sempre atento também aos artistas novos e procuro absorver o que eles trazem de frescor. Mas quando analiso o meu caminho hoje, vejo que minhas principais influências realmente vieram das pessoas mais próximas. Por isso, meus verdadeiros mestres foram Mino, Jesuíno, Walber Feijó, Silas Rodrigues, JJ, Geraldo, Al Rio, Sérgio Cariello, Jean Okada, Cristiano Lopez, Lene, Goldman, Vitor Batista, Mário, Denilson, Clayton, Weaver, Falex, João Belo, Júlio Belo... e mais recentemente dos artistas que frequentam o estúdio citados na resposta anterior. Todos eles me influenciam.
Outro cara que me inspira e me ensina muito atualmente (infelizmente não faz parte do Estúdio) é o Zé Wellington. Um roteirista muito talentoso e um profissional exemplar.

Para finalizar:  
·      Qual foi a sua maior alegria até hoje como quadrinista?
Sem nenhuma dúvida foi o livro Liz. Desde o lançamento, ele só me dá alegrias. Fico muito contente com a aceitação deste trabalho.

·      Qual o projeto que mais deu trabalho de produzir?
Foi uma história de 90 páginas que nunca foi publicada. A editora fechou quando eu estava na página 80.

·      E como se sente sendo uma fonte de inspiração para tanta gente que já passou pelo seu estúdio ou não, mas que conhecem seus trabalhos?
Não tenho controle disso. Se eu influencio alguém positivamente, fico muito honrado com isso. Mas não me sinto diferente de ninguém. Erro muito e tento seguir um caminho de aprendizado. Acho que tenho um longo caminho pela frente e muito a evoluir. Gosto de pensar que faço parte de um grupo de artistas, de uma geração muito bacana que se ajuda mutuamente para seguirmos em frente.
Sou um privilegiado por dar aulas. Isso me força a estudar muito e cada aluno me traz uma nova luz. Sou muito grato a todos ao meu redor.

Quero agradecer a oportunidade da entrevista com alguém que tanto admiro, e desejar que venham mais outros 20 anos ou mais.
Eu que agradeço. Adorei viajar no tempo e puxar todas essas histórias na memória.

NOTA DO EDITOR: Se você está lendo esta matéria em abril de 2018 ainda dá tempo de conhecer e apoiar o projeto AS NOVAS AMAZONAS. Que contem arte do Daniel Brandão para o texto de Leonardo Santana. Clique aqui para saber mais.






quarta-feira, 4 de abril de 2018

Aventura e ação com as Novas Amazonas!
























Se você é fã de cinema de ação já deve yer visto MAD MAX, mas se você é fã de filmes de ação desde os anos 80 certamente já ouviu falar de Mad Max, Cherry 2000, Fênix - A Guerreira, Keruak-Exterminador de Aço,  Exterminadores do ano 3mil, Gladiadores do Texas de 2020, Guerreiros do Bronx e outros. De fato cenários pós-apocalipticos viraram febre nos anos 80. Obviamente não se restringiram ao cinema e literatura. Animações como Thundarr, o Bárbaro também entraram para a história, e quadrinhos como Punho da Estrela do Norte (de Tetsuo Hara), Slash (de Doug Moench & Paul Gulacy).















Embora Leonardo Santana não tenha seguido nenhuma dessas referências é difícil não associar o universo pós-apocalíptico das Novas Amazonas a este poderoso gênero dos anos 80. Uma época aliás em que cenas violentas ou picantes não causavam nenhum alvoroço — especialmente quando se encontravam em produtos claramente classificados para maiores de 16 ou 18 anos. De fato As Novas Amazonas não são uma produção para o público infantil nem se destinam a levantar bandeiras ideológicas — ao contrário disto se ocupam de materializar um universo criativo que conta com o empenho de uma competente equipe de produção. Os textos são do criador Leonardo Santana para as artes de Ricardo Anderson, Alex Barros, Allan Goldman, Mauro Barbieri e Daniel Brandão.

https://www.catarse.me/novasamazonas


Nem todas as histórias funcionam para todos os públicos, aliás, muito poucas conseguem esta façanha. Critérios criativos e editoriais ajudam a formatar o produto de acordo com o nível do discurso, seja textual ou imagético. Por isso, hoje em dia, é tão importante informar-se sobre que tipo de produto (inclusive artístico ou de mídia) você está consumindo. Por mais que a grande mídia ou os ninchos políticos e ideológicos das redes sociais elejam seus queridinhos, sempre há a possibilidade de você, leitor, fazer opção por aquilo que quer conhecer e consumir. E, para descobrir mais sobre a produção Capitaneada pelo escritor Leonardo Santana nada melhor que clicar no link do catarse e pegar informações da fonte. Avalie e tire suas conclusões. Caso fique encantado com a produção garanta sua edição e escolha seus bônus, afinal de contas no modelo crowdfunding o patrocinador é você, leitor! Clique aqui para o CATARSE!

https://www.catarse.me/novasamazonas
LINKS:
Página do CATARSE
Blog do Leonardo Santana
The 50 Greatest Post Apocalyptic Movies
10 Stupidest Mad Max Rip-Offs
Fotos Apocalipticas de Vladimir Manyuhin
100 Best Disaster, Apocalyptic Movies
100 Best B Movies of All Time 
Apocalypse Female Warriors,2009 (Trailer)

KERUAK: EXTERMINADOR DE AÇO
(link pra baixar Keruak Exterminador de Aço)
Phoenix The Warrior_aka She-Wolves of the wastland
Fora de Órbita: O Episódio Desgraçadamente Desastroso

https://laboratorioespacial.blogspot.com.br/2012/02/desastres-divertidos.html


AS NOVAS AMAZONAS (de Leonardo Santana) NO CATARSE