sexta-feira, 25 de março de 2011

Cosplays materializando os sonhos!





O termo Cosplay (Costume +play = Traje + Interpretação) já é bem familiar a quem frequenta comicshops ou eventos de mangá e anime. E foi graças a eventos organizados por fãs que a prática, já sedimentada no Japão, Estados Unidos e Europa, se tornou popular no Brasil.


Seu início remonta às Convenções de Ficção Científica na America dos anos 30/40, quando alguns apreciadores compareciam em trajes especiais que remetiam a personagens de livros ou filmes de ficção científica. Alguns trajes inclusive eram criados especialmente para o evento sem vínculo com obras anteriores. Com a série Jornada nas Estrelas, anos 60s , mais fãs começaram a difundir o Costuming (termo usado na época) em convenções de ficção científica.

A prática chegou ao Japão nos anos 80 levada pelo editor/produtor Nobuyuki Takahashi, que cunhou o termo Cosplay em revistas de ficção científica.

 Adaptando-se aos costumes locais, a interpretação de personagens foi ganhando força junto aos fãs que agora passavam a personificar seus heróis favoritos de mangás e animes. Com o tempo a evolução das técnicas de maquiagem e modelagem de aparatos, as indumentárias foram ficando cada vez mais fiéis aos personagens e mais refinadas. Os comics, video games, filmes e seriados também passaram a ser referencias e inspirações para os fãs incorporarem.
No Brasil, os fãs de Star Trek (Jornada nas Estrelas) abriram alas para as novas gerações de Cosplayers, pois além de usar os uniformes em convenções faziam isso nas estréias cinematográficas da série gerando com isso muita mídia espontânea para a franquia da Paramount Pictures.

Nos anos 90 o Japão começou a dominar o mundo do entretenimento global através dos mangás e animes, enraizando no mundo pop um estilo peculiar de quadrinhos e animação. Junto disso vieram os eventos de mangá e anime… e os fascinantes Cosplays.

Hoje em dia existem várias categorias de Cosplay, trazendo das mais refinadas e audaciosas elaborações às mais rústicas e grosseiras. Há campeonatos mundiais, com etapas e Pré-seleções em cada país e nas principais capitais. Existem premiações milionárias e premiações simbólicas, mas para o Cosplayer (o praticante do Cosplay) nada é mais gratificante do que prestar uma sincera homenagem ao personagem que está representando.

Mais:
COSPLAYBR
Cosplay.com
Comicscosplay.com.br



terça-feira, 22 de março de 2011

Acaba de Chegar: Herói Z!

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A Mulher-Estupenda está de volta em aventuras inéditas. Às voltas com robôs gigantes, cientistas malucos e invasões alienígenas ao sabor dos anos dourados, característica que deu destaque a seus quadrinhos. Ao seu lado estarão novos personagens, como o Fantasma Escarlate, já conhecido pelos quadrinhos online do site Armagem.com e que ganha agora versão impressa. E ainda Paladino Veloz, um misto de velocista e herói espacial. Completando o time, a publicação apresenta também o Dragão do Mar, um personagem de características anfíbias ligado à defesa do oceano.
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O propósito de evocar quadrinhos mais simples encontra reflexo nas inspirações e referencias: Hanna-Barbera, Filmation, Era de Ouro e Prata, bem como os quadrinhos da Ebal. Que o diga a capa, impressa aos moldes da época: em papel fosco!

HZ1lancA Herói Z integra um plano de 5 edições chamado Coleção Âmbar. Mantidos os personagens até o final da série, os editores oferecem a possibilidade de voltar aos bons tempos em que se colecionava quadrinhos sem medo de ver sua revista favorita ser cancelada ou ver o mix de personagens mudar abruptamente.
A revista, uma produção independente criada e executada por Fernando Lima e JJ Marreiro, traz o selo do Laboratório Espacial. Ao apresentar um mix de referencias clássicas e modernas, o título surge para reforçar a idéia de que há artistas brasileiros ocupando-se de criar novos espaços e métodos de publicação à margem das grandes mídias, mas não à margem do gosto popular.

Herói Z – Coleção Âmbar.
Nº 01 de 05

Capa cor. Miolo PB. 24 págs. Ofset.
Preço R$ 4,00 frete incluso (não disponível para troca por exemplares de outras publicações)
Editores Fernando Lima & JJ Marreiro
Um Lançamento laboratorioespacial.com
Informações, anúncios e pedidos de exemplares para:
contato@laboratorioespacial.com ou
Laboratório Espacial A/C JJ Marreiro
Cx Postal 52708
CEP: 60150-970
Fortaleza-CE

quinta-feira, 17 de março de 2011

Animação e Quadrinhos com Diego José



Diego José é um dos novos promissores talentos do Quadrinho Cearense, como tantos, já colaborou com a famosa tira do Capitão Rapadura (do Mino), atuou em publicidade,  participou  do estúdio de animação Lunart e atualmente é animador do Estúdio Otto desenhos animados, com sede em Porto Alegre. Também atuou em ilustração editorial e agora aventura-se como editor de um audacioso projeto: a revista Oigo.
01- Diego José, como você descobriu a arte sequencial e quando percebeu que podia fazer suas próprias histórias em quadrinhos?

As primeiras HQs que li foram da Turma da Mônica, quando criança, e as primeiras histórias que fiz eram da Mônica, Cebolinha, etc. Eu era muito pequeno, acho que foi ali que percebi que poderia fazer HQs.

02 – Hoje entre suas diversas atividades, você ministra aulas de desenho e quadrinhos, não é? Você fez cursos de quadrinhos? Qual a importância desses cursos para quem quer levar as HQs e Cartum a sério?

Na verdade atualmente não dou aulas, mas estou disponível a isso. Meu tempo atualmente se divide entre meu trabalho em animação e a produção de Oigo. Fiz os dois cursos do Álvaro Rio e dois cursos com o Daniel Brandão, que recomendo. Os cursos são muito importantes. Sempre precisamos de mestres que nos guiem para fazer e descobrir o que realmente queremos. No começo quando não sabemos de nada, temos que saber até mesmo o que existe para não se saber, para depois termos chance de procurar saber… Deu pra entender? rs

03 – O Brasil recebe muita influencia cultural do Japão e dos Estados Unidos, como você acha que isso é refletido na produção dos novos contadores de histórias?
A influencia existe. Nós fomos influenciados e não vejo como as coisas que produzimos não tenham traços disso. Acho que pode ser arriscado você tentar fugir das próprias influências. No fim das contas você deve pensar mais nas suas próprias influências do que nas influências em escala nacional. Faça seus quadrinhos pra você mesmo, não pro Brasil. Essa é a melhor forma de ajudar o quadrinho nacional.


04 – Onde entra a cultura brasileira no contexto da produção atual de Quadrinhos Nacionais?

Por uma própria falha minha não consigo acompanhar os quadrinhos nacionais como gostaria. Mas das coisas que consigo lembrar agora, me vem à mente  o próprio Capitão Rapadura, do Mino. Também existem algumas HQs com temática sobre o cangaço…Tenho certeza que existem mais coisas expressando a cultura nacional por ai. Mas quando se trata disso eu acredito em “Faça o que quiseres pois é tudo da Lei”. Se estiver no seu coração e veias a vontade de falar da cultura nacional, fale. Eu vi Akira quando criança e a obra se tornou uma grande influência pra mim, assim como a Turma da Mônica. Existem muitas influências externas. Não estou dizendo que isso é certo nem bonito, apenas que é verdade. E a verdade sobre o que quero dizer deve transparecer na minha HQ.

05 – Qual a influência que o design tem no seu trabalho com quadrinhos?

Durante meu processo de criação o design vem de alguma coisa que tenha ficado na minha cabeça das aulas que tive e minhas próprias influências visuais.

06 – Os leitores falam de uma semelhança entre vc é o protagonista da sua revistas Oigo. Até onde a vida imita a arte na sua produção?
Criei o Oigo como uma caricatura da minha personalidade. Da mesma forma que você exagera os defeitos de uma pessoa ao desenhar uma caricatura, eu exagerei meus defeitos e tirei minhas qualidades para  criar a personalidade dele. A referência que falo sempre é o Stallone/Rocky Balboa. São bem parecidos, mas não são a mesma pessoa. (E as pessoas confundem os dois também) hehe.  Existem outros personagens baseados em pessoas reais, fatos que remontam alguns fatos da minha vida, mas tudo misturado com super poderes, e coisas fantasiosas. Queria que a HQ fosse o meio do caminho entre um alternativo a la Robert Crumb e um super herói mainstream como Savage Dragon, por exemplo.

07 – Antes de chegar ao formato americano sua revista teve uma versão formatinho anos atrás. O que muda de uma versão pra outra? É a mesma história?
A história é a mesma, mas foi melhorada em todos os aspectos. É o que chamo de “versão remasterizada”. Fiz isso para padronizar as edições, já que quando terminei o número 02 estava completamente diferente no número 01.

08 – Que técnica você usa para fazer seus quadrinhos? Como é trabalhado o roteiro? Você faz uso de roteiro-leiaute ou roteiro cursivo mais tradicional?

Trabalho com roteiro cursivo. Meus roteiros são em sua forma escritos como roteiro de cinema, porque tive aulas de roteiro de cinema. Depois faço um layout. Pra desenhos e arte-final uso uma Tablet, que é uma ferramenta para desenho direto no computador.

09 – Sua revista teve lançamento no Dia do Quadrinho Nacional, em meio a lotação que foi a comemoração neste janeiro de 2011. E lançar uma revista nesse dia traz toda uma carga simbólica. Como foi o lançamento no seu ponto de vista?
Foi muito melhor do que eu esperava. A receptividade foi muito boa. A presença das pessoas foi bem animadora.  Foi o primeiro lançamento que fiz pra série Oigo e só tenho a agradecer a todos que organizaram o evento, estavam lá, me ouviram e se interessaram pela HQ.


10 – Qual a importância dos artistas brasileiros comemorarem o Dia do Quadrinho Nacional?

Eu fui criado na igreja católica, e às vezes na missa o padre dizia que a missa realmente começa quando você sai da igreja e volta a viver sua vida. Acho que o Dia do Quadrinho Nacional deveria ser encarado dessa forma. O DQN deve ser um incentivo pra quem quer fazer quadrinhos, deve ser uma força pra quem estava lá e tem sua idéia, chegar em casa e começar a escrever ou desenhar, e trazer sua obra pronta no próximo ano. Quanto mais pessoas tiverem trabalhos prontos, mais forte e diversificado será o quadrinho cearense e nacional.

11 – Até pouco tempo sempre víamos os artistas brasileiros reclamando de distribuição, falta de espaço, oportunidades. Você acha que essa síndrome do coitadinho está acabando?
Acho que sim. Tem uma frase que adoro do livro do Richard Williams, um animador americano. Ele diz: “Comece com as coisas que você conhece e as coisas que você não conhece serão reveladas”. Existem muitas formas de você divulgar seus quadrinhos. Por exemplo: Existem sites americanos que fazem venda por demanda. É só você ter uma conta no paypal que você vende seus quadrinhos pro mundo e recebe seu pagamento em casa.
Aqui no Brasil, qualquer pessoa pode usar serviços como pague seguro pra vender o que quiser pela internet. Existem sites que divulgam de graça, como Bigorna.Net, ZineBrasil etc. Também existem sites de financiamento coletivo, que é uma onda que está chegando agora no Brasil, e é  perfeito para artistas independentes que querem buscar formar de viabilizar suas obras. Recentemente surgiu o primeiro site de financiamento coletivo nacional, o catarse.me …Uma coisa que ainda tenho que ver é a questão da distribuição em comic shops. É a próxima coisa que vai ter que me aparecer como fazer… rs Ainda estou trabalhando nisso.
Falou JJ, Obrigado pela força cara.

Obrigado pelo papo, Diego. Boa sorte com a revista. Pra quem quer saber mais sobre o trabalho do Diego José e sobre a revista Oigo (inclusive como adquirir) os links abaixo dão as pistas:
Diego José  fala sobre a revista no Papocast do Rapadura Digital
Diego José Site Oficial


sábado, 12 de março de 2011

João Belo Jr: O Empreendimento Quadrinho !

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João Belo Jr, Cartunista, Quadrinhista, Ilustrador, Roteirista e Tirista, é um dos responsáveis pelo ótimo thecomicscafe.com ao lado de Falex e Júlio César Belo. Por muito tempo foi responsável por organizar e manter o funcionamento da Oficina de Quadrinhos da UFC, num período em que se estabeleceu o conceito de "Dojo" dos quadrinhos. Administrador de empresas, entre outras coisas em sua identidade secreta, João Belo Jr é dono de um humor fino, irrepreensível que pode ser constatado na hilariantes tiras de Ariosto. O belo Graphic álbum Onde a Luz faz a curva e várias publicações independentes também constam no currículo do artista. Agora você confere um bate papo com João Belo Jr enquanto aguarda o lançamento de sua próxima empreitada o álbum de tiras do seu personagem Ariosto.

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1- Entre suas empreitadas recentes, João, está o DQN-CE (comemoração do Dia do Quadrinho Nacional no Ceará), que é um evento que surgiu despretensiosamente, mas cresceu bastante da versão de 2010 para 2011. A que você atribui isso?

Eu acho que os diversos grupos no Estado e mesmo os artistas que militam sozinhos nesta busca incessante pelo lugar ao sol dos quadrinhos, estão hoje mais próximos. Ano passado o evento se restringiu a Fortaleza;
nesse ano já se envolveu mesmo que muito timidamente o pessoal de outras cidades do Estado. A moçada tem se falado mais e, tanto a lista do Fórum de quadrinhos do Ceará (aqce) como os espaços criados pela nova Gibiteca de Fortaleza vêm contribuindo para isso. É claro que isso faz parte de um processo que se iniciou anos atrás, talvez no próprio ambiente da Oficina de Quadrinhos da UFC até culminar no atual momento, mas é inegável que a melhoria na comunicação aconteceu. Talvez estejamos sendo ajudados pelas facilidades que a tecnologia de hoje nos oferece, afinal, você faz um desenho e não precisa esperar a reunião do sábado pela manhã para mostrar, você posta na internet nos vários canais disponíveis. Mas ainda existem várias pessoas à margem desse mundo, que poderiam sertanto produtores como consumidores de quadrinhos. E isso significaria mais público para os futuros DQN´s.

Outro fator que considero essencial é o momento atual dos quadrinhos nacionais com o surgimento de várias editoras publicando autores nacionais, diversos títulos, editais apoiando obras de quadrinhos e os aproximando da literatura e conferindo a eles uma conotação mais séria, mais profissional, mais artística. Além disso tudo, os grupos de artistas estão mais maduros e dispostos a ajudar. Só precisam ser por aqui um pouco mais proativos, eu diria, e assertivos. Eu diria que o DQN surgiu não despretensiosamente, mas como
uma forma espontânea e ao mesmo tempo assertiva de mostrar que os quadrinhos podem ter o seu lugar e momento por aqui.

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2- Como surgiu a idéia de comemorar o Dia do Quadrinho Nacional em Fortaleza?

Bem eu estava imaginando comemorar meu aniversário de uma forma diferente e...(brincadeira) Como eu falei a coisa surgiu de forma muito espontânea, mais como uma necessidade de mostrar uma ação assertiva, que tivesse algum resultado prático em relação aos quadrinhos, sabe. A lista do fórum ficava por vezes silenciosa demais quando não tratava de assuntos ?off topics?. Além do mais, seria interessante juntar todo
mundo no Dia do Quadrinho Nacional para sentar, desenhar e conversar amenidades. Seria uma forma de tirar as pessoas do mundo virtual da lista do fórum de quadrinhos, juntar com outros convidados e curiosos e
simplesmente permitir que essas pessoas se conhecessem melhor numa data emblemática e fazendo algo comum a todos que é desenhar, de forma muito natural, como quem reúne os amigos para um churrasco ou para assistir ou jogar futebol. Surgiu então o Gibiarte para materializar isso.

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3- Muito bom você menciopnar isso. Uma das atrações do evento é justamente o Gibiarte, explica pra gente o que é o Gibiarte.

O DQN surgiu com a idéia do Gibiarte. Então um maluco de nome JJ Marreiro comprou a idéia e, entusiasta dos quadrinhos como poucos, tratou de agregar novas atividades. Mas o Gibiarte foi o carro-chefe, digamos assim, do primeiro DQN. O Gibiarte é um encontro para celebrar o Dia do Quadrinho Nacional e para produção conjunta de quadrinhos, charges, ilustras, cartuns, tiras, o que for. Uma oportunidade que os quadrinistas têm de trocar idéias, estabelecer parcerias, ter esse contato com outros artistas de diferentes influências e estilos. O Gibiarte acontece normalmente durante toda a manhã e no final, é organizado um mural com as artes produzidas, além de cada participante sair ao final do evento com um
certificado.

4- Qual a sensação de ver artistas profissionais, amadores e pessoas que nunca desenharam elaborando artes para expor num mural conjunto?

O efeito prático que isso tem nas pessoas não é mensurável. Na edição de 2011 vi muitas crianças e pensei o quanto isso estava sendo bom para eles e para o quadrinho cearense. Imagino na minha infância se tivesse
tido a oportunidade de encontrar pessoas que fazem quadrinhos em diversos estágios, todos num mesmo espaço... Isso confere uma percepção de como o seu desenho está e para onde pode ir. Ajuda a aguçar o senso crítico do autor em relação ao seu próprio desenho, abre os olhos, ajuda a amadurecer. Na edição de 2010, passaram muitos artistas que fazem quadrinhos de forma amadora, profissional ou ensinam. Neste ano, vários desses artistas vieram, mas tive a impressão de um público novo, maior e diferente dos eventos anteriores, e como disse, formado por muitas crianças. Então essa é uma boa oportunidade para todos. O mural e o certificado servem para valorizar e premiar o esforço de quem produzir.

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5- Hoje vc edita o site The Comics Café com os parceiros Alexandre Vidal (Falex) e Julio César. São parceiros de longa data que voltaram a trabalhar juntos nesse projeto, mas quando vocês se conheceram? E como começaram a produzir juntos?

Caramba...aí estamos falando do início da década de 90.  Escuta só essa história. Acho que quase ninguém nunca soube, mas vou revelar em primeira mão ao Armagem. Tinha um maluco, maluco mesmo, mas gente boa, mais ou menos da nossa idade, que apareceu, saído não sei de onde, com um discurso muito político oriundo de grupos estudantis ou coisa parecida, arregimentando desenhistas de diversas partes da cidade. jbj004.jpgUm louco por quadrinhos que tinha milhares de personagens, fichas técnicas e universos na cabeça ou em rascunhos mal desenhados ou redigidos à esferográfica. Naquela época, nossas influências eram em 80%  quadrinhos americanos de heróis. E embarcamos todos em exaustivas reuniões aos sábados numa sala de um colégio próximo de minha casa, num arremedo de grupo ou de organização com atas e tudo o mais. Eu lembro que nem tinha entrado na faculdade ainda e um dos nossos objetivos era descobrir uma? tal? de Oficina de Quadrinhos da UFC e falar com um ?tal? de Geraldo Jesuino...hehehe...é verdade! E em algumas das reuniões o meu irmão Julio e eu encontrávamos o Falex, dá para acreditar? Mas aquele maluco ajudou a construir o nosso grupo e uma amizade e uma parceria que já  duram há mais de 15 anos. Caramba, tamo velho, hein! Bem, algum tempo depois, deixamos de nos reunir nas infindáveis e infrutíferas reuniões de sábado, noves fora, a boa vontade de todos. Depois de algum tempo eu entrei no curso de Administração da UFC, mas como o campus do Benfica era composto por várias faculdades, numa de minhas andanças descobri a Oficina de Quadrinhos da UFC que funcionava no curso de Comunicação Social. ?Era lá que era lá!? Inscrevi-me na última turma que oficialmente recebeu o certificado de um curso de hq, chamei o meu irmão (Nota do Editor: pra quem não sabe: Júlio César Belo) e depois de um tempo, chamamos o Falex. Lá criamos o zine Demolição para dar vazão à nossa produção já que a revista PIUM da Oficina tinha uma periodicidade naturalmente demorada entre uma edição e outra. O Demolição foi o nosso laboratório de fazer quadrinhos, mas essa é uma outra história.

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6- O site The Comics Cafe tem passado por mudanças desde sua estréia o que motivou essas mudanças? Qual a reação do público a renovação do Site?

ARIOSTO-playboy1.jpgDepois de um lançamento maravilhoso e de um ano bem difícil onde não atualizamos o site na frequência ideal e onde achamos melhor até segurar algumas séries em função de compromissos profissionais dos três e até mesmo de projetos de quadrinhos que desenvolvemos e que tiveram de ser priorizados, resolvemos começar melhorando a estrutura visual do site que não nos agradava e mais parecida com um blog. Além disso, o modelo anterior dificultava a atualização e perdíamos às vezes muito tempo para colocar uma matéria nova no ar. Isso foi corrigido e o site ganhou amplitude visual e movimento.

O que nos motivou foi a necessidade de melhorar depois de um ano de The Comics Cafe, de ir corrigindo os rumos do projeto. Uma necessidade de mexer de dentro para fora. Por isso atualmente, realizamos reuniões constantes e vamos depurando os projetos e melhorando os formatos. Temos várias novidades que estão sendo preparadas para o ano de 2011 e 2012, mas por enquanto, vamos começar com os dois álbuns que foram contemplados em editais: Prêmio Literário
para Autores Cearenses (Prêmio Luiz Sá), da SECULT e o Programa Cultura da Gente, do Banco do Nordeste. O primeiro está na gráfica pronto para rodar e o outro sendo editado. O restante, por enquanto é segredo... hehehe. E o público tem ajudado com sugestões para o e-mail do grupo.


7- Voltando ao tema DQN qual a importância de comemorar o Dia do Quadrinho Nacional?

É importante porque foi o jornalista e caricaturista Ângelo Agostini  quem primeiro estruturou em meados de 1883, uma história em quadrinhos como a conhecemos hoje. Não interessa se os americanos não o reconhecem. Se nem Santos Dumont, que tinha prestígio e trânsito livre pela Europa, foi até hoje reconhecido por eles como o inventor do avião, imagina se eles iriam reconhecer um caricaturista ítalo-brasileiro de perfil abolicionista. Típico deles, mas achem eles o que acharem, As Aventuras  de Nhô Quim e Zé Caipora, são as primeiras HQ´s de que se tem registro e revolucionaram a narrativa gráfica conhecida até à época.

De lá para cá, no Brasil, os quadrinhos vêm lutando pelo seu espaço e ironicamente seguindo a influência americana, diferente dos nossos hermanos que seguiram a escola europeia, a meu ver muito mais rica e que
a eles causou muito mais benefícios, tendo em vista os nomes que frequentemente surgem no cenário de quadrinhos, principalmente com obras autorais. Mas muita gente continuou lutando através dos fanzines, grupos e de publicações isoladas e nesse intervalo surgiu uma vertente da escola brasileira, o quadrinho de Humor, com nomes que despontaram e se destacaram a partir da década de 80. Hoje, a realidade mudou consideravelmente, não ao acaso, mas como resultado do esforço e insistência de anos.  A estabilização da economia brasileira permitiu que surgissem várias editoras especializadas em quadrinhos que não só trouxeram material de fora de qualidade que acaba servindo de influência, mas têm apostado em material nacional e autoral.

E os artistas nunca tiveram tanto destaque e valorização. É por isso que considero importante comemorarmos o Dia do Quadrinho Nacional.

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8- Num mercado onde o produto nacional assume às vezes o papel de luxo e às vezes o papel de lixo, você acha que o Dia do Quadrinho Nacional traz uma reflexão natural?

Eu acho que a função do mercado é depurar tudo o que existe de publicação e ao fazer suas opções por certos gêneros, estilos, qualidade de roteiro e de desenho e até por autores e por títulos, acaba ajudando
esses autores e editores a encontrar o melhor caminho. Só não pode acontecer é de o mercado estabelecer que somente uma ?casta? formada por determinados autores é que deve ser sempre publicada e que só o material deles é que é bom. O que deve fazer é dizer: ?olha, nós estamos num nível de percepção e de exigência e sabemos dizer o que é bom pra nós?.

Mas temos um problema cultural aqui, pois de uma forma geral, na média, o brasileiro lê pouco e as nossas influências de quadrinhos são pouco diversificadas (praticamente super-heróis e nos últimos anos o mangá
japonês). E o dia do Quadrinho Nacional ajuda a pensar no assunto, a voltar a direção para o nosso quadrinho e para os novos nomes, os novos canais, os novos produtos. Se o mercado refletir ele selecionará melhor. Acho que todos devem ter o seu lugar ao sol, mas se o mercado for exigente e não tendencioso ou protecionista, acho que os quadrinhos é que ganham com isso, pois significa que estariam sendo vistos e tratados com bem mais respeito.


9- Alguns estados possuem os Festivais de Humor e Quadrinhos e o Rio de Janeiro ganhou uma Comic Con. O que seria necessário para fazer eventos maiores ligados a quadrinhos no estado do Ceará?

jbj002.jpgVou falar o que disse outro dia num e-mail para o grupo: Para realizar um evento do porte de uma COMICCON é necessário investimento, planejamento e pessoas criativas, engajadas e comprometidas para compensar qualquer deficiência que os dois primeiros itens possam ter, porque na prática as coisas andam num ritmo próprio.

Para conseguir o apoio da iniciativa privada ou de verbas públicas voltadas para atividades culturais, precisamos ter o mercado mapeado, para mostrar que existe demanda para um evento desse porte. E para realizar um evento dessa magnitude, precisamos desenvolver um ?know how?
próprio, e isso pode acontecer gradativamente com a realização de eventos de menor porte como o DQN ou aprender com outros eventos como o Panorama Nona Arte, o MAIS HQ que acontece em Sobral ou as Reuniões do Baião Ilustrado, além de oficinas, lançamentos, exposições, quem sabe um
espaço na Bienal do Livro, para irmos colocando o quadrinho em evidência na cidade, agitando a cena local, divulgando artistas, formando parcerias e conseguindo apoio até que cheguemos ao ponto de realizar uma Convenção. Paralelamente cada artista deve ir produzindo seu material, focando em algo que possa ser classificado como produto, como material publicável, pois, mercado à parte, tudo numa convenção de quadrinhos gira em torno de publicações e artistas de qualidade. Sem essas duas bases, podem esquecer.


João Belo Jr obrigado pela disponibilidade e pela presteza em responder a nossa entrevista. A turma que quiser conhecer mais o trabalho do Jojão Belo Jr pode clicar  na xícara ali embaixo e visitar o café dos quadrinhos.


Eu é que agradeço o espaço no Armagem e o The Comics Cafe está aberto e disposto a colaborar sempre que possível com os Quadrinhos. Um Abraço.

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