segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Fighting American: O soldado nunca esquecido!
















Após a segunda Guerra já no início dos anos de 1950, o Capitão América havia retornado às bancas pela editora Atlas (um dos nomes antigos da Marvel) sem os criadores Kirby e Simon. A dupla que neste período estava emplacando vários sucessos e possuía certo respaldo editorial resolveu dar uma resposta a esse "retorno" do Capitão América lançando um personagem nos mesmos moldes com o propósito de , segundo Joe Simon: mostrar ao Capitão América como um verdadeiro Capitão América deveria ser!" A preocupação inicial da dupla era como trazer à tona este personagem sem ser implicado judicialmente por isto. Preocupação que foi atenuada quando o personagem, em suas aventuras, começou a ganhar personalidade própria e distanciar-se de seu referencial.

Com o fim da segunda-guerra mundial (em 1945) os anos seguintes viram surgir uma polarização de interesses entre os países mais poderosos da época, a União Soviética e os Estados Unidos. O Comunismo tornou-se na América o grande mal a ser combatido. Inicialmente apresentado como um personagem denso e sério, o Fighting America foi ganhando leveza, e o motivo foi claramente exposto por Jack Kirby: "Estávamos de saco cheio de heróis sérios!". A caça aos comunistas na América era uma agenda política do Senador Joseph McCarthy e logo algumas pessoas perceberam o clima de paranóia no ar , com inocentes sendo acusados levianamente e contínuas situações de abuso de poder que não mostravam nenhum critério objetivo. A "caça aos comunistas" estava
transformando a liberdade da América em um show de hipocrisia. Isso influenciou diretamente a mudança de clima nas aventuras do novo herói patriótico de Kirby & Simon. Em 1974, numa palestra na NY Comic Art Convention Joe Simon chegou a dizer que o Fighting American não era exatamente uma cópia do Capitão América, mas uma criação que refletia aquele período McCartista de "caça às bruxas".

Em sua origem (claramente adaptada do Capitão América) o frágil e franzino Nelson Flagg presencia a morte do robusto e bem apessoado irmão, Johnny Flagg, um apresentador de TV assassinado por comunistas radicais. O corpo do falecido é aprimorado num experimento científico para adquirir capacidades atléticas sobre-humanas e a consciência do fracote Nelson é transferida para o novo e poderoso corpo. Mesmo partindo de uma origem, digamos... tétrica, as histórias seguintes são muito divertidas e repletas da energia cinética de Kirby. Os textos, embora claramente anti-comunistas não levavam o inimigo (nem o herói) tão à sério.

As vendas iam bem, mas Kirby & Simon queriam dedicar-se a produções mais rentáveis. "Nós estávamos fazendo muita grana com outras coisas...o Figting American não estava vendendo um milhão de cópias por mês. Vendia bem, mas não era uma grande venda, hoje em dia seria" Joe Simon se referia ao fato de que as tiragens dos anos 50 eram muito maiores que as de hoje. Uma venda mediana da época seria um estouro atualmente.
O novo herói banderoso de Kirby-Simon estreou bimestralmente pela Prize Group (em maio de 1954) e durou somente 7 edições. Em 1966 ganhou uma reedição pela Harvey Comics que incluía material não publicado anteriormente e o mesmo aconteceu em 1989 numa edição Herdcover (Capa dura) publicada pela Marvel. Em 1994 foi a vez da DC Comics por as mãos no Fighting American, sob a forma de uma minissérie de 6 edições com o texto de Dave Rawson e Pat McGreal e arte de Greg LaRocque. O personagem ganhava ali uma reformulação para os anos 90... bem, uma das.


Após uma breve participação no evento editorial 'Heroes Reborn', Rob Liefeld que havia sido responsável pelas HQs do Capitão América, anuncia o lançamento de um novo personagem: Agent American. Ameaçado pela Marvel por conta das semelhanças com o Capitão América, Liefeld assina contrato com Joe Simon e o espólio de Kirby para a produção de uma nova série do Fighting American (cujo visual é quase igual ao do Agent American de Liefeld). A revista sai em 1997 com um boom de críticas...mas também de vendas. Fato: Os fãs adoram polêmicas.

Agosto de 2017, ano do centenário de Kirby, uma nova versão do Lutador Americano chega aos leitores pela Titan Comics. Desta vez calcado nas hqs originais de Kirby & Simon usando inclusive vilões e coadjuvantes. Muotas capas alternativas, imagens de impacto como manda a cartilha do quadrinho moderninho de heróis, mas também muita irreverência e crítica como manda a cartilha kirby-simon para o herói.

O Fighting American pode nunca ter tido o sucesso de público de seu predecessor, mas acabou se tornando uma das mais curiosas, revisitadas e polêmicas criações de Kirby e Simon.













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2 comentários:

  1. A Dynamite chegou a anunciar e divulgou um sketch do Alex Ross, mas o Simon acabou não autorizando. Postei no blog sobre o jogo Freedom Force inspirado nos quadrinhos da Era de Ouro, sobretudo o Capitão América
    http://quadripop.blogspot.com/2017/05/freedom-force-o-jogo-de-super-herois.html

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  2. Eu adorei esta criação do Simon&Kirby... Os painéis de abertura das HQs eram lindos! Gostei do Speedboy. Realmente, o Simon & Kirby transformaram os roteiros em pastiche, nem sei porque... talvez porque o pós guerra não fazia sentido para um herói patriota. Apesar dos 7 números, eu acho que a arte de Kirby aqui tem uma outra semântica, ela está mais proporcional e mais humana, os movimentos estão mais cinematográficos. Queria ver um encadernado com todas as aventuras...

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