 
Vamos levar em conta que eventos sejam
 situações programadas  para tratar um determinado assunto - compartilhando e divulgando  informações e produtos - abertas a visitação de um público específico ou  periférico mais neófilos e curiosos. Assim, os eventos são um bom lugar  para promover o contato entre o 
produtor e seu 
consumidor direto.
Em tempos recentes os eventos tem ganhado espaço como opção de 
divulgação, veiculação e comercialização de produtos ou serviços.  O grande fluxo de pessoas interessadas num determinado tema coloca o  promotor de vendas num paraíso, principalmente se ele tem bom produto a  preço acessível.
 
Muito se fala sobre crise criativa no mundo dos quadrinhos, muito se  fala da falta de espaço para o autor brasileiro junto a editoras  brasileiras, muito se fala da acomodação dos editores no Brasil que a  anos tem se limitado a transformar suas editoras em meras republicadoras  de material estrangeiro. Se a distribuição em bancas e livrarias  constitui uma pedra no sapato da produção nacional, os organizadores de  eventos não tem tido do que se queixar nem os patrocinadores,  apoiadores, convidados ou expositores. Com relação aos eventos: os  quadrinhos vão bem obrigado.
Muitos são os eventos de quadrinhos e mangá espalhados pelo mundo,  seria necessário um catálogo com centenas de páginas para descrever cada  um deles, a título de informação faremos aqui um apanhado superficial,  apenas para dar noção de sua diversidade e características.
 
Podemos começar citando um momento histórico antes de partir para os  eventos contemporâneos. Na cidade de São Paulo, no distante 18 de junho  de
 1951 aconteceu a
 Primeira Exposição Didática Internacional de Histórias em Quadrinhos.  Organizada por Álvaro de Moya, Miguel Penteado, Reinaldo Oliveira,  Jayme Cortez e Syllas Roberg. Embora seja contestada por alguns devido a  abrangência das atrações (filmes, palestras, exposições de artes  originais) a presença de  artistas e intelectuais debatendo o tema  quadrinhos contam a favor do pioneirismo.
Piracicaba é considerada a Capital Mundial do Humor, a fama surgiu a partir só 
Salão de Humor de Piracicaba, o mais tradicional e mais antigo do Brasil. O ano era
 1974  (em pleno regime militar) e até então os brasileiros apenas  participavam dos salões internacionais, Zélio Alves Pinto e  colaboradores do Pasquim iniciaram o evento que ganhou convidados e  participantes internacionais até tornar-se referencia mundial no cenário  do Humor Gráfico. Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Fortuna foram  nomes que participaram da solidificação do Salão de Piracicaba que  acabou revelando talentos como Chico Caruso, Laerte e Angeli.
 
Em
 1999 aconteceu o primeiro 
Festival Internacional de Quadrinhos  em Belo Horizonte trazendo convidados da Espanha, Itália e França. Um  concurso selecionou 30 artistas que tiveram as obras em exposição. Os  primeiros colocados receberam prêmios em dinheiro, uma caraterística  típica dos Salões de Humor, com o tempo o Festival foi mudando e  crescendo até tornar-se hoje o 
Maior Festival de Quadrinhos da América Latina com uma frequência estimada de 148 mil pessoas na edição de 2011.
Nos anos 90, Pernambuco ocupou um espaço nobre no cenário dos eventos da área com O
 Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco, trazendo ao Brasil 
Will Eisner, 
Jerry Robson, 
Megumu Ishiguro, mas sempre reservando espaço também para os talentos brasileiros.
Amadora é a quarta cidade mais populosa de Portugal. A exemplo de  outros Festivais europeus as atrações ocorrem em vários lugares da  cidade, gerando público ocasional e difundindo a arte sequencial num  nível que atinge vários segmentos da sociedade, o
 Festival Internacional de Banda Desenhada de Amadora. Na Bégica o
 Festival de Quadrinhos de Bruxelas; na Espanha o 
Salon del Comic; Barcelona, na Itália o
 Salão de Milão e o 
Festival de Comics e Games de Lucca colaboram para a visibilidade que o Quadrinho tem na Europa como arte, entretenimento e negócio.
 
Anime Friends (São Paulo-SP), Anime Yuu (Londrina – PN), Animogi  (Mogi das Cruzes – SP), Anime Place (Rio de Janeiro – RJ), BH Anime  Conection (Belo Horizonte – MG), Anime Party (Recife-PE), Anime  Adventure (Porto Alegre – RS), Anime Nation (Brasilia-DF), SANA  (Fortaleza-CE), AnimeCon (São Paulo-SP), AniBahia (Salvador-BA) são  alguns entre as centenas de encontros focados em cultura nipônica.  Atingindo um público bem mais jovem que os salões de humor e os  Festivais de Quadrinhos, os eventos de mangá e animê são responsáveis  por formar novos leitores e por chamar atenção para a viabilidade de  eventos de entretenimento ligados ao público jovem e à cultura pop.  Estandes de produtos ligados ao universo do mangá e animê, como adereços  para cosplays, camisetas, botons, action figures e todo tipo de  colecionáveis tem espaço garantido nesse segmento que invariavelmente  trás mostras de artes marciais, competições de games etc. Em
 Tókio o evento 
Comik Market, ou Comiket, movimenta um público de 
560 mil pessoas e reúne editores e artistas, profissionais e amadores.
Enquanto os números de frequentadores impressionam é de se imaginar  de maneira positiva o fluxo de caixa envolvendo ingressos, produtos  colecionáveis de todos os tipos, brindes, revistas, alimentação. Alguns  eventos não tem fins lucrativos, mas todos possuem reflexos no mercado  atraindo novos olhares gerando novas oportunidades e expandindo o  cenário, com o perdão do trocadilho, para belos horizontes.